2011-01-03

11/XI – BENDITO FASHION

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Yves Saint Laurent transformou
 uma tela de Mondrian em um vestido









Suzana limpa os olhos com o dorso da mão, expressando-se com um pequeno movimento dos lábios:

- Vai passar. Vai passar. Passou!

- Isso aí, menina, bola para frente.

- Chega de lamúrias. Torra o saco de qualquer um.

Mathieu alonga as pernas até quase tocar na mesinha da frente.

- Posso te revelar uma coisa, Suzana?

- Claro.

- Você é um charme só. Moça da moda, com tudo em cima, super chique.

- Nooooossa!

- Falo sério. Por mim e por todos os homens de bom gosto.

A mulher abre um pouco mais o sorriso, dizendo:

- São seus olhos.

- Bem sexy nesses trajes.

- Ai, que loucura!

- É sério.

- Não brinca. Assim eu fico convencida, Math.

- Tem um corpo escultural, perfeito. Aposto que arranca suspiros, atrai olhares de cobiça e entortadas de cabeça de todos os homens por onde passa.

- Bobo!

- Bate um bolão!

- Oh, meu Deus! Menos, Math, menos.

- Bem, bem...

- Tudo como se as mulheres, com seus vestidinhos curtos, estivessem embaladas como presente numa vitrine?

- Voyeur à carioca – admite o rapaz.

- Arre! O homem de hoje é muito visual, não?

- A formosura externa pesa na balança, faz a beleza acontecer, já dizia Platão. O conteúdo interior, Suzana, pode ser até mais luminoso, mas é para a superficialidade da carne que se olha em primeiro lugar, concluiu a revista Psychological Science, em suas últimas pesquisas – enfatiza Mathieu.

 - Não deveria ser assim.

- Os sábios justificam que a beleza física é sinal de saúde, como defendia Aristóteles e, sobretudo, garantia de filhos saudáveis. Por isso a predileção dos homens pelas beldades que, tudo indica, é sinal de plena saúde do corpo.

- Ah, essa é boa!

- Dostoievski também pensava assim.

- Caramba!

- Aí está a explicação para diminuição na capacidade cognitiva dos machos, diante da beleza feminina.

- Cognitiva?

- Cognitus+vivo. Tanto na linguística como na psicologia é o que se refere aos mecanismos mentais, pelos quais um indivíduo se vale ao utilizar sua percepção, memória e razão na resolução de problemas. É como uma tentação autoritária, querendo controlar tudo naquele momento!

- Nossa!

- De maneira geral, o homem fica meio bobo, fora de si, diante de uma mulher vistosa e poderosa, sabia disso?

- Háháhá!

- Toda mulher sabe ser sensual quando quer, desarmando qualquer um com poucas palavras. Tanto é que a força atrativa de Eva, Cleópatra, Mata Hara, Cristine Keel, Josephine Baker, mademoiselles que usaram o charme e o magnetismo como armas de sedução, mostraram ao mundo que o vigor de uma bela fêmea, realçada por um salto alto e um vestido glamoroso, pode atingir com força colossal o ponto fraco de qualquer macho, desmontando o cara em segundos.

- Háháhá!

Mathieu com um sorriso malicioso nos lábios.

- Convencida?

- Negar para quê? Garanto que, ao contrário deles, as mulheres são bem mais sábias. Não se perturbam e nem demonstram nenhuma perda cerebral em contato com a beleza masculina. Muito menos alimentamos segundas ou terceiras intenções.

- Será?

- Toda mulher que aceita bem o seu corpo, sente-se bonita por fora e por dentro. Isso que importa.

Pausa. O rapaz interessado:

- Voltando ao seu vestido. Yves Saint-Laurent?

- Dele mesmo.

- Nada mal. Um brinde ao modelo!

Suzana levanta o copo exaltada:

- Tim-Tim!

E continua com ele na mão, esclarecendo:

- Por meio da criatividade e da imaginação sem limites desse enfant terrible, a haute couture francesa vem transformando peças, que antes só faziam show nas passarelas, em roupas de alta qualidade para ganhar as ruas e levar a moda mais próxima da vida real.

- Moda a preços populares?

- Isso mesmo, moda feita com mão de arquiteto, mas com valor que boa parte do povo pode comprar. Um vestido de grife, cotado em cinco cifras, pode sair por apenas três nas principais lojas de departamento do mundo. Adorei! A ideia de apresentar coleções de forma mais acessível ao bolso é bastante genial, não?

         - Maravilha!

         Pausa. Suzana acende um cigarro e, com um sorriso malicioso no canto da boca, brinca:

         - Aposto que você adora ver uma bela mulher com sua roupa maravilhosamente mínima, mostrando suas pernas?

Mathieu aplaude:

         - Arrasa! Dá um toque especial no charme, reforça a sensualidade em todos os sentidos, pode crer.

         Risos. Suzana:

- Saint é a tesoura mais criativa da segunda metade do século XX. Dono de um estilo único, ele cristalizou a importância de vestir a mulher contemporânea mais confortável ainda, mesmo que a Maison se mantenha no altar das marcas de luxo. Merece confetes!

- Um brinde a ele?

         - Tim-Tim. Yves, je t’aime!

- E da primeira metade?

         - Chanel.

- Coco Chanel?

- Veio para dar força ao movimento feminista que explodiu pelo mundo depois da Segunda Guerra Mundial. Louca por transformações, ela se meteu em situações complicadas para defender seus ideais. Inclui aí até militância política, durante a ocupação francesa. Sabia?

- Nunca imaginei.

- Coco mudou tudo na moda antiga, foi radical. Sua opinião era conectar a mulher ao mundo pós-guerra, criando trincheiras para defender um novo rumo, por onde imaginava a humanidade caminhar.

- Bravo!

- A primeira coisa foi exorcizar os ventos dos moldes mediévicos, que sopravam sobre a ditadura dos guarda-roupas femininos até então. Da clausura, Chanel levou as mulheres à volúpia total, abolindo os espartilhos, os corpetes sufocantes e acabou de vez com o uso de anáguas, ceroulas e calçolas. A estilista decretou o fim de tudo que era desconforto e feito para dificultar a vida das senhoras e das senhoritas da época. Com o sublime choque que surpreendeu Paris, a Primavera de Chanel, democratizou de vez a moda, que ganhou espaço em tudo que é canto.

- Viva!  – aplaude Mathieu, rindo.

- Com genialidade, Coco transformou o figurino da mulher em um estilo transgressor, ativo e surpreendente. Passamos a usar vestidos de cintura alta, generosamente, mais curtos e blusas decotadas. Na cabeça, cabelos a la garçone, chapéus pequenos enterrados até os olhos, nucas descobertas e ‘accroche coeurs’ em gancho cada vez maiores. O máximo, não?

- Hummmmmm!

- Chanel fez, da alta costura, importante movimento libertário na luta pela renovação de comportamentos sociais no século XX. Isso ninguém pode negar. A fiel e doce subversão de Coco atrelou a moda às manifestações mundiais para proclamar o futuro da livre elegância.

Mathieu esboça um gesto de concordância, meneando a cabeça. Suzana exalta-se:

- Gabrielle Bonheur, je t’aime!

- Viva Chanel! – aplaude o rapaz.

Outra vez, ela levanta o copo de cerveja:

- Coco é, e será sempre Chanel. Saúde!

- Tim-Tim.

- Completou 84 anos em agosto desse ano. Mas, ainda mantém aquela postura rebelde de estilista inovadora, diante das convenções sociais. E, mais uma vez, está aí para provar que a beleza é também um estado de espírito.

- Tim-Tim – de novo Mathieu clica o copo da amiga.

         - Gostou de ouvir isso?

         - Como não gostar! Pela primeira vez, na história da civilização contemporânea, sob as bênçãos de Chanel, o homem despiu uma mulher que usava apenas um vestidinho e um colar de pérola, mas vestida de todos os sonhos. Tudo de bom!

         Risos. Suzana, contorcendo-se no sofá:

         - Ufa! Que mão de obra deveria ser tirar aquela roupada toda, não é mesmo?

         - Imagino. Se bem que esse ritual do desnudamento tem lá suas fantasias eróticas, tanto para os homens como para as mulheres.

         Suzana bota os cotovelos no braço da poltrona, apoia o queixo com as mãos e observa:

         - Só pensa nisso, hein?

         - Tem coisa melhor?

         - Tolinho.

         - Se Deus fez coisa melhor do que a mulher, guardou só para ele.

         Pausa. A professora ‘dá de ombros’, e continua:

- O fato é que Coco e Yves nos encheram de poder com roupas que juntam luxo e simplicidade ao mesmo tempo. É dele os vestidos estampados com obras de arte, inspirados na obra do pintor neerlandês modernista – a coleção ganhou destaque na temporada de alta costura de julho, desse ano, em Paris. Que tal esse que uso à la Mondrian?

         - Bacana!

         - Supercool, não?

         - Muito.

         - Tecido tecnológico, estampado em linhas geométricas com fortes combinações de cores. Pega bem, refina o estilo esportivo, sem deixar de ser elegante e sensual, concorda?

         - Sem dúvida.

         - Math, a união da arte com a moda é o novo hit. Além de dar mais poder à roupa é muito chique, não?

- Chiquérrimo!

          - Yves, como gosta de brincar com os códigos da alta-costura, produziu também coleções com outros artistas para provar que moda e artes plásticas sempre tiveram afinidade cheia de flertes. Sofisticado em cada detalhe, ele usou a divina força do glamour para recosturar o sentido de liberdade, igualdade e fraternidade entre os sexos.

- Aprovado!

- Há dois anos, para vestir bem as mulheres executivas, deixá-las poderosas e atrevidas, ele lançou o smoking feminino, inspirado em peça de alfaiate com uma haute couture mais prática, confortável e funcional.

- Acertou em cheio.

- A roupa é de soldado. Mas a sensibilidade é, e será sempre feminina.

- Claro.

- O modelo foi baseado numa construção estética, que atribui mais personalidade profissional à mulher atual. Já virou febre no mercado da moda, mostrando que a elegância ganhou sentido amplo. Cada vez mais, mulheres executivas morrem de amores pela coleção.

         - Maravilha! – expressa o rapaz, sorrindo.

         - O bom, Math, é que as últimas tendências do design da moda mundial pode ser a próxima novidade de guarda roupa de uma mulher comum, sem custar os olhos da cara. Puxa, isso é o máximo!

- Sem dúvida.

         Pausa. Suzana, depois de tomar um pouco de cerveja:

         - Math, sabia que até pouco tempo uma mulher era proibida de entrar num restaurante ou num hotel de calças compridas? 

         - Absurdo!

         - Causava escândalo, vê se pode?

         - Nada mais ridículo!

         - Tabu quebrado, graças ao estilista. Para mim é o costureiro mais bem sucedido da história da moda atual. Por outro lado, Chanel é a maior artista da tesoura de todos os tempos que lutou para um feminino mais feminino, moderno e atual. Cada um, a seu estilo, mudou os alicerces do figurino mundial do nosso século. Ambos, futuristas, descolados e competentes, fizeram de tudo para renovar o guarda-roupa feminino na dose certa.

         - Ergo aos dois estilistas um brinde. Viva! – brinca o rapaz com o copo no ar.

         - Tim-Tim!

         - Yves, não muito distante de Chanel, mas igualmente revolucionário na arena a que pertence no pós-moderno, proclamou um novo futuro para a moda.

         Pausa. Mathieu retira um cigarro da carteira, acende e volta a fumar, questionando:

         - Pelo jeito, Suzana, além de entender muito de moda feminina, você curte bem as roupas da moda?

         - Sou vaidosa como qualquer mulher, mas na medida certa. O bom senso deve estar sempre presente para não exagerar, portanto, olhar-se no espelho continua sendo um exercício essencial. Todo tipo de roupa tem lá suas restrições.

         - Claro.

- Procuro me vestir conforme a ocasião, porém muito, muito discreta. As roupas, tanto as que uso no cotidiano quanto as para ocasião especial, têm uma ‘pegada’ mais moderna’, claro. Até gosto de frufrus e babados, mas é preciso que haja um conceito envolvido nas peças. Concorda?

         - Ã-Hã.

- Prezo a aparência. Gosto de me sentir bem. Adoro quando meu filho Junior me elogia – pontua a amiga com um olhar sereno e calmo.

- Ah, sim.

- Sem muita formalidade, em casa gosto de ficar bem à vontade com roupas confortáveis como moletons, jeans mal ajustados, rabo de cavalo e sandálias rasteiras nos pés; quase descalça, para dar aquele toque especial de conforto em looks neutros.

- Com sotaque francês?

- Me gozando, cara?

- Não. Não.

- Havaianas mesmo, o bê-á-bá dos pés. Luxo prático e irresistível, feito de látex com a cara da moda despojada.

Risos. Mathieu sorridente:

- Nos seus pesinhos nada é mais sofisticado do que uma simples sandália, um luxo só!

- Bobo!

- Tem os pés lindos, menina bonita. Dedos finos, delicados..., de encher os olhos.

- Mathieu!

- Sério. Olha aí como são formosos!

- Bem, bem... No inverno, troco por tênis Bamba. No mais, fico com a descontração de uma camisetinha de malha e training que são superconfortáveis, estilo bem natural e sem exageros.

- Legal.

- Só visto aquilo que me sinto confortável. Assim fico sempre de bem com minha imagem, porque sei do que gosto e do que não me agrada.

Mathieu sacode a cabeça, concordando. Ela:

- Demoro no máximo cinco minutos para me arrumar de manhã, acredita? Não mais.

- Desse jeito, posso garantir, será eternamente original e bela.

- Ah, Math, deixa de jogar minha bola lá para cima. Fico encabulada.

- Verdade.

Risos. Suzana, arriscando dar outro rumo ao assunto, quis saber:

- Então me conta: o que é moda para você, jovem escritor?

- Uma tentação!

- Boa ou má?

- Boa, claro.

- Como repórter, você já cobriu algum desfile?

- Sempre que convidado, vou pôr ofício, dever e prazer. Olhos e ouvidos atentos, porque eu gosto de roupas.

- Bom saber.

- Nunca recuso convites para ver desfiles de moda. Não só as grifes mais quentes estão lá detonando, como as pessoas também. É o melhor lugar para a gente ver grande concentração de mulheres bonitas e interessantes por metro quadrado.

- Nossa!

- Cada uma mais gostosa do que a outra entre luzes, charmes e beleza. Descontração, cultura e interatividade... Acho ótimo!

- Então dá alguma importância à moda?

- Alguma, não. Muita. Não sou de criticar esse mundo de aparências sociais em que temos de ser belo e saudável o tempo todo. Cuidar da feição exterior vem se tornando voga entre os brasileiros. Isso é bom, saudável.

- Imagina que a moda é um tipo de arte como as artes plásticas?

- Olha aí seu vestido ilustrado com uma pintura de Piet Mondrian? Lindo de morrer! Evidente que fortalece a ligação da arte com a alta costura.

- Maravilha!

- Para os estilistas moda é arte. Merece ser tratada como tal, desde que produzida com inteligência e criatividade – reforça Mathieu.

- Sem dúvida.

- Trata-se de uma tecnologia que mistura artes visuais, desempenho e, sobretudo, ensina as pessoas artifícios para se vestir bem. Enfim, um canal de comunicação que todo mundo curte. Lá no seu íntimo, qualquer pessoa corre atrás de uma boa aparência para si própria, ‘né? Com ela o astral vai lá para cima. É muito legal.

- Eu, como mulher, tenho plena convicção disso.

Depois de um sorriso, Mathieu comenta:

- Posso até perdoar a torpeza de quem aplica mal as palavras, mas nunca quem se apresenta com um traje disforme, de mau gosto. Afinal, uma boa indumentária valoriza, de forma especial, as curvas de uma mulher e do seu olhar também. Nada mais espetacular! Portanto, vamos abusar do sex-appeal!

- Você, hein?

- Como Dostoievski, acredito que a beleza salvaria o mundo.

- Compra roupa sozinho?

         - Sempre.

         - Não pede ajuda de ninguém para cuidar do seu look?

- Tenho amigas na área, mas...

- Mas?

- Uso jeans, quase sempre com camisa polo, alinhada com uma calça boca de sino. Traje com jeito pop e bem-ajambrado, que vem conquistando todo mundo no mundo inteiro, desde a sua invenção oficial, em 1853.

- Porque não? Jeans impera inteiro. Belo e prático, é rei do figurino em qualquer estação. Moda para suar no trabalho e curtir a vida com certo glamour.

- Ã-Hã.

- Não é feito para resistir apenas uma estação. Emplaca olds school. Faz o dark blue, que lembra o velho oeste ou, o clarinho, que anda soberano por aí. Simplicidade é a sua lei.

- Também penso assim – sustenta o rapaz.

- Pois então me diga com o que ‘andas’, cara?

- Hein?

- Alguma marca especial?

- Não. Etiqueta nenhuma me contagia. Para mim, tanto faz vestir calças faroeste das Lojas Guanabara ou da conhecida Rua dos Caetés. Fiorucci, no meu dicionário, anda longe de ser essencial. Ou seja, não carrego uma Coca-Cola interior.

Risos. Suzana:

- Ainda não foi contaminado pelos dois anjinhos que realçam o bumbum?

- Não. Mas admiro um bumbum feminino se contorcendo dentro de calças que não se cabe direito. Bastante sensual, ‘né? Torço para que essa moda continue invadindo a praia das mineirinhas, vou adorar!

- Háháhá! Não poderia ser diferente para um jovem com a sua mente de mulherengo, não é?

Mathieu concorda balançando a cabeça. Suzana continua:

- Jornalistas, esportistas, operários, playboys, gângsteres, punks ou nerds, todos usam jeans, e ficam bem arrumados, sim. O jeans esbanja versatilidade, sob medida, para todos.

- Certo.

- O que poderia ser mais básico e popular do que uma calça jeans? Nada. Além de ser mais confortável, combina com qualquer outro adereço sem ‘frescura’, capisce?

- Claro. Eu, por exemplo, só acho que não combina direito com camisetas escandalosamente estampadas, que mais parecem um mini outdoor ambulante. Não uso, detesto.

- Ah, essa é boa!

         Pausa. Mathieu, mudando de posição na poltrona:

         - Gostou do papo fashion, querida?

         - Vejo que entende do ‘riscado’.

         - Me ligo em tudo. Muito cedo, descobri que as garotas apreciam homens que emitem opiniões sobre o que se vestem..., que sacam dessas coisas. Sabe como é?

         - Ã-Hã...

         - Sou um eterno pesquisador do corpo feminino e sua conexão com as várias formas de vida.

         - Estou vendo.

          - Suzana, sabe por que Deus criou a mulher depois do homem?

         - Sei.

         - Nada do que pensou.

         - Não?

         - Porque antes de uma obra prima é essencial elaborar certo o rascunho.

         Risos. Satisfeito, o rapaz retira da bolsa de couro um maço de Continental.  Remove a fitinha e o selo, puxa um cigarro e começa a fumar, imitando o charme de uma cena cinematográfica.








* FBN© - 2012 – Bendito Fashion, de NUMA NOITE EM 68 - Categoria: Romance de Geração - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.:  Vestido com estampa de uma tela de Mondrian. Link: http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/12xii-o-sagrado-do-fashion.html?zx=90ada25e59e3ebd8


 

 

 
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