*
*
Yves Saint Laurent transformou
uma tela de Mondrian em um vestido
Suzana
limpa os olhos com o dorso da mão, expressando-se com um pequeno movimento dos
lábios:
- Vai
passar. Vai passar. Passou!
- Isso
aí, menina, bola para frente.
- Chega
de lamúrias. Torra o saco de qualquer um.
Mathieu
alonga as pernas até quase tocar na mesinha da frente.
- Posso
te revelar uma coisa, Suzana?
- Claro.
- Você é
um charme só. Moça da moda, com tudo em cima, super chique.
-
Nooooossa!
- Falo
sério. Por mim e por todos os homens de bom gosto.
A mulher
abre um pouco mais o sorriso, dizendo:
- São
seus olhos.
- Bem
sexy nesses trajes.
- Ai, que
loucura!
- É
sério.
- Não
brinca. Assim eu fico convencida, Math.
- Tem um
corpo escultural, perfeito. Aposto que arranca suspiros, atrai olhares de
cobiça e entortadas de cabeça de todos os homens por onde passa.
- Bobo!
- Bate um
bolão!
- Oh, meu
Deus! Menos, Math, menos.
- Bem,
bem...
- Tudo
como se as mulheres, com seus vestidinhos curtos, estivessem embaladas como
presente numa vitrine?
- Voyeur à carioca – admite o rapaz.
- Arre! O
homem de hoje é muito visual, não?
- A
formosura externa pesa na balança, faz a beleza acontecer, já dizia Platão. O
conteúdo interior, Suzana, pode ser até mais luminoso, mas é para a
superficialidade da carne que se olha em primeiro lugar, concluiu a revista Psychological
Science, em suas últimas pesquisas – enfatiza Mathieu.
-
Não deveria ser assim.
- Os
sábios justificam que a beleza física é sinal de saúde, como defendia
Aristóteles e, sobretudo, garantia de filhos saudáveis. Por isso a predileção
dos homens pelas beldades que, tudo indica, é sinal de plena saúde do corpo.
- Ah,
essa é boa!
-
Caramba!
- Aí está
a explicação para diminuição na capacidade cognitiva dos machos, diante da
beleza feminina.
-
Cognitiva?
- Cognitus+vivo. Tanto na linguística como
na psicologia é o que se refere aos mecanismos mentais, pelos quais um
indivíduo se vale ao utilizar sua percepção, memória e razão na resolução de
problemas. É como uma tentação autoritária, querendo controlar tudo naquele
momento!
- Nossa!
- De
maneira geral, o homem fica meio bobo, fora de si, diante de uma mulher vistosa
e poderosa, sabia disso?
- Háháhá!
- Toda
mulher sabe ser sensual quando quer, desarmando qualquer um com poucas
palavras. Tanto é que a força atrativa de Eva, Cleópatra, Mata Hara, Cristine
Keel, Josephine Baker, mademoiselles que usaram o charme
e o magnetismo como armas de sedução, mostraram ao mundo que o vigor de uma
bela fêmea, realçada por um salto alto e um vestido glamoroso, pode atingir com
força colossal o ponto fraco de qualquer macho, desmontando o cara em segundos.
- Háháhá!
Mathieu
com um sorriso malicioso nos lábios.
-
Convencida?
- Negar
para quê? Garanto que, ao contrário deles, as mulheres são bem mais sábias. Não
se perturbam e nem demonstram nenhuma perda cerebral em contato com a beleza
masculina. Muito menos alimentamos segundas ou terceiras intenções.
- Será?
- Toda
mulher que aceita bem o seu corpo, sente-se bonita por fora e por dentro. Isso
que importa.
Pausa. O
rapaz interessado:
-
Voltando ao seu vestido. Yves Saint-Laurent?
- Dele
mesmo.
- Nada
mal. Um brinde ao modelo!
Suzana
levanta o copo exaltada:
-
Tim-Tim!
E
continua com ele na mão, esclarecendo:
- Por
meio da criatividade e da imaginação sem limites desse enfant terrible, a haute couture francesa vem transformando
peças, que antes só faziam show nas
passarelas, em roupas de alta qualidade para ganhar as ruas e levar a moda mais
próxima da vida real.
- Moda a
preços populares?
- Isso
mesmo, moda feita com mão de arquiteto, mas com valor que boa parte do povo
pode comprar. Um vestido de grife,
cotado em cinco cifras, pode sair por apenas três nas principais lojas de
departamento do mundo. Adorei! A ideia de apresentar coleções de forma mais
acessível ao bolso é bastante genial, não?
-
Maravilha!
Pausa.
Suzana acende um cigarro e, com um sorriso malicioso no canto da boca, brinca:
-
Aposto que você adora ver uma bela mulher com sua roupa maravilhosamente
mínima, mostrando suas pernas?
Mathieu
aplaude:
-
Arrasa! Dá um toque especial no charme, reforça a sensualidade em todos os
sentidos, pode crer.
Risos.
Suzana:
- Saint é
a tesoura mais criativa da segunda metade do século XX. Dono de um estilo
único, ele cristalizou a importância de vestir a mulher contemporânea mais
confortável ainda, mesmo que a Maison se mantenha no altar das marcas de luxo.
Merece confetes!
- Um
brinde a ele?
-
Tim-Tim. Yves, je t’aime!
- E da
primeira metade?
-
Chanel.
- Coco
Chanel?
- Veio
para dar força ao movimento feminista que explodiu pelo mundo depois da Segunda
Guerra Mundial. Louca por transformações, ela se meteu em situações complicadas
para defender seus ideais. Inclui aí até militância política, durante a
ocupação francesa. Sabia?
- Nunca
imaginei.
- Coco mudou
tudo na moda antiga, foi radical. Sua opinião era conectar a mulher ao mundo
pós-guerra, criando trincheiras para defender um novo rumo, por onde imaginava
a humanidade caminhar.
- Bravo!
- A
primeira coisa foi exorcizar os ventos dos moldes mediévicos, que sopravam
sobre a ditadura dos guarda-roupas femininos até então. Da clausura, Chanel
levou as mulheres à volúpia total, abolindo os espartilhos, os corpetes
sufocantes e acabou de vez com o uso de anáguas, ceroulas e calçolas. A
estilista decretou o fim de tudo que era desconforto e feito para dificultar a
vida das senhoras e das senhoritas da época. Com o sublime choque que surpreendeu
Paris, a Primavera de Chanel, democratizou de vez a moda, que ganhou espaço em
tudo que é canto.
-
Viva! – aplaude Mathieu, rindo.
- Com
genialidade, Coco transformou o figurino da mulher em um estilo transgressor,
ativo e surpreendente. Passamos a usar vestidos de cintura alta, generosamente,
mais curtos e blusas decotadas. Na cabeça, cabelos a la garçone, chapéus pequenos enterrados até os olhos, nucas
descobertas e ‘accroche coeurs’ em
gancho cada vez maiores. O máximo, não?
-
Hummmmmm!
- Chanel fez,
da alta costura, importante movimento libertário na luta pela renovação de
comportamentos sociais no século XX. Isso ninguém pode negar. A fiel e doce
subversão de Coco atrelou a moda às manifestações mundiais para proclamar o
futuro da livre elegância.
Mathieu
esboça um gesto de concordância, meneando a cabeça. Suzana exalta-se:
-
Gabrielle Bonheur, je t’aime!
- Viva
Chanel! – aplaude o rapaz.
Outra
vez, ela levanta o copo de cerveja:
- Coco é,
e será sempre Chanel. Saúde!
-
Tim-Tim.
- Completou
84 anos em agosto desse ano. Mas, ainda mantém aquela postura rebelde de
estilista inovadora, diante das convenções sociais. E, mais uma vez, está aí
para provar que a beleza é também um estado de espírito.
- Tim-Tim
– de novo Mathieu clica o copo da amiga.
-
Gostou de ouvir isso?
-
Como não gostar! Pela primeira vez, na história da civilização contemporânea,
sob as bênçãos de Chanel, o homem despiu uma mulher que usava apenas um
vestidinho e um colar de pérola, mas vestida de todos os sonhos. Tudo de bom!
Risos.
Suzana, contorcendo-se no sofá:
-
Ufa! Que mão de obra deveria ser tirar aquela roupada toda, não é mesmo?
-
Imagino. Se bem que esse ritual do desnudamento tem lá suas fantasias eróticas,
tanto para os homens como para as mulheres.
Suzana
bota os cotovelos no braço da poltrona, apoia o queixo com as mãos e observa:
-
Só pensa nisso, hein?
-
Tem coisa melhor?
-
Tolinho.
-
Se Deus fez coisa melhor do que a mulher, guardou só para ele.
Pausa.
A professora ‘dá de ombros’, e continua:
- O fato
é que Coco e Yves nos encheram de poder com roupas que juntam luxo e
simplicidade ao mesmo tempo. É dele os vestidos estampados com obras de arte, inspirados
na obra do pintor neerlandês modernista – a coleção ganhou destaque na temporada
de alta costura de julho, desse ano, em Paris. Que tal esse que uso à la
Mondrian?
-
Bacana!
-
Supercool, não?
-
Muito.
-
Tecido tecnológico, estampado em linhas geométricas com fortes combinações de
cores. Pega bem, refina o estilo esportivo, sem deixar de ser elegante e
sensual, concorda?
-
Sem dúvida.
-
Math, a união da arte com a moda é o novo hit.
Além de dar mais poder à roupa é muito chique, não?
-
Chiquérrimo!
-
Yves, como gosta de brincar com os códigos da alta-costura, produziu também
coleções com outros artistas para provar que moda e artes plásticas sempre
tiveram afinidade cheia de flertes. Sofisticado em cada detalhe, ele usou a
divina força do glamour para
recosturar o sentido de liberdade, igualdade e fraternidade entre os sexos.
-
Aprovado!
- Há dois
anos, para vestir bem as mulheres executivas, deixá-las poderosas e atrevidas,
ele lançou o smoking feminino,
inspirado em peça de alfaiate com uma haute
couture mais prática, confortável e funcional.
- Acertou
em cheio.
- A roupa
é de soldado. Mas a sensibilidade é, e será sempre feminina.
- Claro.
- O
modelo foi baseado numa construção estética, que atribui mais personalidade
profissional à mulher atual. Já virou febre no mercado da moda, mostrando que a
elegância ganhou sentido amplo. Cada vez mais, mulheres executivas morrem de
amores pela coleção.
-
Maravilha! – expressa o rapaz, sorrindo.
-
O bom, Math, é que as últimas tendências do design da moda mundial pode ser a
próxima novidade de guarda roupa de uma mulher comum, sem custar os olhos da
cara. Puxa, isso é o máximo!
- Sem
dúvida.
Pausa.
Suzana, depois de tomar um pouco de cerveja:
-
Math, sabia que até pouco tempo uma mulher era proibida de entrar num
restaurante ou num hotel de calças compridas?
-
Absurdo!
-
Causava escândalo, vê se pode?
-
Nada mais ridículo!
-
Tabu quebrado, graças ao estilista. Para mim é o costureiro mais bem sucedido
da história da moda atual. Por outro lado, Chanel é a maior artista da tesoura
de todos os tempos que lutou para um feminino mais feminino, moderno e atual.
Cada um, a seu estilo, mudou os alicerces do figurino mundial do nosso século.
Ambos, futuristas, descolados e competentes, fizeram de tudo para renovar o
guarda-roupa feminino na dose certa.
-
Ergo aos dois estilistas um brinde. Viva! – brinca o rapaz com o copo no ar.
-
Tim-Tim!
-
Yves, não muito distante de Chanel, mas igualmente revolucionário na arena a
que pertence no pós-moderno, proclamou um novo futuro para a moda.
Pausa.
Mathieu retira um cigarro da carteira, acende e volta a fumar, questionando:
-
Pelo jeito, Suzana, além de entender muito de moda feminina, você curte bem as roupas
da moda?
-
Sou vaidosa como qualquer mulher, mas na medida certa. O bom senso deve estar
sempre presente para não exagerar, portanto, olhar-se no espelho continua sendo
um exercício essencial. Todo tipo de roupa tem lá suas restrições.
-
Claro.
- Procuro
me vestir conforme a ocasião, porém muito, muito discreta. As roupas, tanto as
que uso no cotidiano quanto as para ocasião especial, têm uma ‘pegada’ mais
moderna’, claro. Até gosto de frufrus e babados, mas é preciso que haja um
conceito envolvido nas peças. Concorda?
-
Ã-Hã.
- Prezo a
aparência. Gosto de me sentir bem. Adoro quando meu filho Junior me elogia –
pontua a amiga com um olhar sereno e calmo.
- Ah,
sim.
- Sem
muita formalidade, em casa gosto de ficar bem à vontade com roupas confortáveis
como moletons, jeans mal ajustados,
rabo de cavalo e sandálias rasteiras nos pés; quase descalça, para dar aquele
toque especial de conforto em looks
neutros.
- Com
sotaque francês?
- Me
gozando, cara?
- Não.
Não.
-
Havaianas mesmo, o bê-á-bá dos pés. Luxo prático e irresistível, feito de látex
com a cara da moda despojada.
Risos. Mathieu
sorridente:
- Nos
seus pesinhos nada é mais sofisticado do que uma simples sandália, um luxo só!
- Bobo!
- Tem os
pés lindos, menina bonita. Dedos finos, delicados..., de encher os olhos.
-
Mathieu!
- Sério.
Olha aí como são formosos!
- Bem,
bem... No inverno, troco por tênis Bamba. No mais, fico com a descontração de
uma camisetinha de malha e training
que são superconfortáveis, estilo bem natural e sem exageros.
- Legal.
- Só
visto aquilo que me sinto confortável. Assim fico sempre de bem com minha
imagem, porque sei do que gosto e do que não me agrada.
Mathieu
sacode a cabeça, concordando. Ela:
- Demoro
no máximo cinco minutos para me arrumar de manhã, acredita? Não mais.
- Desse
jeito, posso garantir, será eternamente original e bela.
- Ah,
Math, deixa de jogar minha bola lá para cima. Fico encabulada.
-
Verdade.
Risos.
Suzana, arriscando dar outro rumo ao assunto, quis saber:
- Então
me conta: o que é moda para você, jovem escritor?
- Uma
tentação!
- Boa ou
má?
- Boa,
claro.
- Como repórter,
você já cobriu algum desfile?
- Sempre
que convidado, vou pôr ofício, dever e prazer. Olhos e ouvidos atentos, porque
eu gosto de roupas.
- Bom
saber.
- Nunca
recuso convites para ver desfiles de moda. Não só as grifes mais quentes estão
lá detonando, como as pessoas também. É o melhor lugar para a gente ver grande
concentração de mulheres bonitas e interessantes por metro quadrado.
- Nossa!
- Cada
uma mais gostosa do que a outra entre luzes, charmes e beleza. Descontração,
cultura e interatividade... Acho ótimo!
- Então
dá alguma importância à moda?
- Alguma,
não. Muita. Não sou de criticar esse mundo de aparências sociais em que temos
de ser belo e saudável o tempo todo. Cuidar da feição exterior vem se tornando
voga entre os brasileiros. Isso é bom, saudável.
- Imagina
que a moda é um tipo de arte como as artes plásticas?
- Olha aí
seu vestido ilustrado com uma pintura de Piet Mondrian? Lindo de morrer!
Evidente que fortalece a ligação da arte com a alta costura.
-
Maravilha!
- Para os
estilistas moda é arte. Merece ser tratada como tal, desde que produzida com
inteligência e criatividade – reforça Mathieu.
- Sem
dúvida.
-
Trata-se de uma tecnologia que mistura artes visuais, desempenho e, sobretudo,
ensina as pessoas artifícios para se vestir bem. Enfim, um canal de comunicação
que todo mundo curte. Lá no seu íntimo, qualquer pessoa corre atrás de uma boa
aparência para si própria, ‘né? Com ela o astral vai lá para cima. É muito legal.
- Eu,
como mulher, tenho plena convicção disso.
Depois de
um sorriso, Mathieu comenta:
- Posso
até perdoar a torpeza de quem aplica mal as palavras, mas nunca quem se
apresenta com um traje disforme, de mau gosto. Afinal, uma boa indumentária
valoriza, de forma especial, as curvas de uma mulher e do seu olhar também.
Nada mais espetacular! Portanto, vamos abusar do sex-appeal!
- Você,
hein?
- Como
Dostoievski, acredito que a beleza salvaria o mundo.
- Compra
roupa sozinho?
-
Sempre.
-
Não pede ajuda de ninguém para cuidar do seu look?
- Tenho
amigas na área, mas...
- Mas?
- Uso jeans, quase sempre com camisa polo,
alinhada com uma calça boca de sino. Traje com jeito pop e bem-ajambrado, que
vem conquistando todo mundo no mundo inteiro, desde a sua invenção oficial, em
1853.
- Porque
não? Jeans impera inteiro. Belo e
prático, é rei do figurino em qualquer estação. Moda para suar no trabalho e
curtir a vida com certo glamour.
- Ã-Hã.
- Não é
feito para resistir apenas uma estação. Emplaca olds school. Faz o dark blue,
que lembra o velho oeste ou, o clarinho, que anda soberano por aí. Simplicidade
é a sua lei.
- Também
penso assim – sustenta o rapaz.
- Pois
então me diga com o que ‘andas’, cara?
- Hein?
- Alguma
marca especial?
- Não.
Etiqueta nenhuma me contagia. Para mim, tanto faz vestir calças faroeste das
Lojas Guanabara ou da conhecida Rua dos Caetés. Fiorucci, no meu dicionário, anda
longe de ser essencial. Ou seja, não carrego uma Coca-Cola interior.
Risos.
Suzana:
- Ainda
não foi contaminado pelos dois anjinhos que realçam o bumbum?
- Não.
Mas admiro um bumbum feminino se contorcendo dentro de calças que não se cabe
direito. Bastante sensual, ‘né? Torço para que essa moda continue invadindo a
praia das mineirinhas, vou adorar!
- Háháhá!
Não poderia ser diferente para um jovem com a sua mente de mulherengo, não é?
Mathieu
concorda balançando a cabeça. Suzana continua:
-
Jornalistas, esportistas, operários, playboys, gângsteres, punks ou nerds,
todos usam jeans, e ficam bem arrumados, sim. O jeans esbanja versatilidade, sob medida, para todos.
- Certo.
- O que
poderia ser mais básico e popular do que uma calça jeans? Nada. Além de ser
mais confortável, combina com qualquer outro adereço sem ‘frescura’, capisce?
- Claro.
Eu, por exemplo, só acho que não combina direito com camisetas escandalosamente
estampadas, que mais parecem um mini
outdoor ambulante. Não uso, detesto.
- Ah,
essa é boa!
Pausa.
Mathieu, mudando de posição na poltrona:
-
Gostou do papo fashion, querida?
-
Vejo que entende do ‘riscado’.
-
Me ligo em tudo. Muito cedo, descobri que as garotas apreciam homens que emitem
opiniões sobre o que se vestem..., que sacam dessas coisas. Sabe como é?
-
Ã-Hã...
-
Sou um eterno pesquisador do corpo feminino e sua conexão com as várias formas
de vida.
-
Estou vendo.
-
Suzana, sabe por que Deus criou a mulher depois do homem?
-
Sei.
-
Nada do que pensou.
-
Não?
-
Porque antes de uma obra prima é essencial elaborar certo o rascunho.
Risos.
Satisfeito, o rapaz retira da bolsa de couro um maço de Continental.
Remove a fitinha e o selo, puxa um cigarro e começa a fumar, imitando o charme
de uma cena cinematográfica.
* FBN© - 2012 – Bendito Fashion, de NUMA NOITE EM 68 - Categoria: Romance de Geração - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.: Vestido com estampa de uma tela de Mondrian. Link: http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/12xii-o-sagrado-do-fashion.html?zx=90ada25e59e3ebd8