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Di Cavalcanti
Dores Malditas do Amor
Di Cavalcanti
Dores Malditas do Amor
Nu, óleo sobre tela.
Depois de uma pausa, os dois calados, Suzana quebra o silêncio:
- Na
verdade, Math, eu sonho com um amor sem calorias, que não machuque e construa
seu dia a dia em parceria. Entende?
- Ideal,
claro.
- Preciso
encontrar alguém normal para trocar afetos e ser feliz. Só isso. Só isso - dispara
mulher, num riso malicioso.
- Hey!
Hey!
Mathieu
sacode a cabeça, negativamente.
- Vai com
calma. Não se precipite.
A mulher
ri. Faz uma mímica rodeando o dedo perto da têmpora.
- Ando
tão sozinha, cara, que nem sei se já esqueci o que é um abraço, o carinho e um
beijo de um homem de verdade.
- Deixa
de ser boba, ninguém esquece essas coisas.
- Tanto
tempo, Math! Tanto tempo!
- Sério?
-
Iiiiiiii! Fique sabendo que, quanto às dificuldades de ser fiel, falta um
tiquinho assim para jogar tudo para o alto e botar um par de chifres no seu
amigo, viu?
- Suzana!
- Azeite!
Quer saber? No íntimo ele não é mais nada meu.
- Ainda
são casados.
- Mas não
estou morta..., não estou morta. Puxa, tenho minhas necessidades! – articula
ela com as mãos sobre o rosto.
- Não
pense assim, criatura.
Suzana,
com desafio na voz, pergunta:
- Ora,
Math, vale a pena insistir em uma relação que, dia após dia, se torna mais
irritante quando, talvez, haja alguém com a qual a vida seria mais bonita e
feliz?
O rapaz
persiste, com seu olhar interrogador, fixo na amiga:
- Ora,
Suzana, a saída não é a fantasia de que vamos achar outra pessoa que satisfaça
todas as nossas expectativas. Não é por aí.
- Passa
da hora!
Pausa.
Mathieu:
- Sei que
fala isso só da boca para fora. Qualquer intenção maliciosa fica só no plano
das ideias, não é mesmo?
Suzana
cora:
- Tem
razão, Math. Desculpe-me. Sou super, super fiel!
- Eu sei
que nunca faria nada que não pudesse ser remediado depois, ‘né?
- Claro
que não, ainda estou casada. E uma mulher honrada jamais pensa em chegar assim
à fronteira da infidelidade. Nunca. Ninguém pode levantar o dedo e me acusar de
ter alguma coisa com alguém por aí. Aventuras, jamais! Falo isso da boca para
fora. Posso dizer que, em toda a minha vida, única ereção que conheço é daquele
que toda vida me frequentou os lençóis, viu. Falei de brincadeira, você sabe.
- Eu sei.
Eu sei. Seu comportamento é irrepreensível, posso garantir.
- Graças
a Deus! Não pode uma mulher de família sair da linha, temos o dever de
preservar a nossa aliança matrimonial. Ou melhor: não basta à mulher de Cesar
ser honesta, ela deve parecer honesta e considerar a fidelidade um princípio
inatingível. Trair jamais, não é mesmo?
Mathieu
sobressalta-se:
- Não
gosto dessa expressão: trair. Parece tiro nas costas.
- Não deixa
de ser.
- Traição
é uma palavra que traz em si uma série de significações negativas, soa como uma
sentença. Muitas vezes, totalmente, injusta com pessoas que agiram dessa
maneira – afiança o rapaz.
- Cada
caso é um caso.
- Sim.
Penso que, quando o envolvimento é apenas físico, contorna-se melhor.
Infidelidade grave é quando se refere a sentimentos. Ai, sim, envolve
deslealdade.
- Essa é
a regra?
- Talvez.
- Quem
trai mais, o homem ou a mulher?
- Não
existem estatísticas sobre quem trai mais no Brasil, se o homem ou a mulher.
Mas uma coisa é certa, o homem trai mais por razões ligadas à necessidade
sexual, o que ainda é um mistério da ciência. A mulher trai quando se sente
subnutrida amorosamente, quando o companheiro se torna agressivo, mal humorado
e mantém atitudes depreciativas em relação a ela. Aí, pode acontecer.
Pausa.
Suzana:
- De
qualquer forma não é legal. Mas, pelo que sei, homem nenhum tolera traição.
Seja lá como for, faz parte do universo machista.
- É.
- A
mulher pode até perdoar, não guardar rancor, mas nunca esquece quando seu
parceiro pula a cerca.
- Com
homem é mesmo diferente. Quase sempre não anistia uma traição, até porque em
nossa sociedade o cara traído é considerado um ‘senhor boçal’, enganado,
tripudiado..., sei lá mais o quê?
- Acha?
- O
coitado sofre pela chacota dos amigos por todo canto. Pior, ele não tem como
desabafar com alguém a desonra, morre de vergonha.
- Questão
cultural.
- Aquela
palavrinha horrível não sai da cabeça, principalmente, dos machões inveterados,
bradando aos quatro ventos sua condição de ‘chifrudo’.
- Háháhá!
Quem procura acha.
Depois de
um gole de cerveja, Mathieu tenta ponderar, mudando o rumo da conversa:
-
Estresse! O José Renato anda estressado.
-
Tadinho! Está dizendo que o sujeito precisa de um pouco mais de tolerância. É
isso?
- Ele
trabalha muito.
- Sim.
- Pensa
seriamente em ampliar seus negócios.
- Que
conversa é essa?
-
Pretende comprar a parte dos sócios no cursinho preparatório para o vestibular
e, mesmo sendo Professor Emérito da UFMG, pretende deixar de lecionar
Literatura na Universidade. Sonha ter o negócio todo seu.
Um leve
tremor agita as comissuras dos lábios de Suzana, enquanto lançava, ao rapaz, um
olhar entre assustado e curioso.
- O quê?
Repete, não ouvi direito.
- Não
sabe?
- Nada.
- Isso mesmo, quer ficar sozinho no comando da Escola Preparatória.
- Sério?
- É o pulo do gato, não se aborreça.
- Mas...
- Nada para se preocupar. Pelo contrário.
- Meu Deus, ele pensa em fazer isso, Math?
- Nada.
- Isso mesmo, quer ficar sozinho no comando da Escola Preparatória.
- Sério?
- É o pulo do gato, não se aborreça.
- Mas...
- Nada para se preocupar. Pelo contrário.
- Meu Deus, ele pensa em fazer isso, Math?
- O Zé apresenta
disposição, alma de empreendedor, os dois pés firmes no chão e uma visão
extraordinária de mercado futuro. Percebe, como ninguém, o avanço da economia
brasileira no momento.
-
Háháhá... Piada, não é?
- Algum problema?
- Todos e mais alguns.
- Algum problema?
- Todos e mais alguns.
- Não o
subestime. Seu marido corre atrás de um velho sonho. Está no caminho certo. Ele
vai dar 101% de si para o negócio prosperar, paixão pelo trabalho. Pode crer.
- Filho
da mãe!
- Implica
não. O negócio é ótimo, uma excelente máquina de fazer dinheiro em Belo
Horizonte. Não existe na praça melhor seguimento para traduzir em números o
desejo de quem quer ficar rico em pouco tempo.
-
Delírio. Vocês dois estão delirando.
- Não é
não. Trata-se de um empreendimento bastante robusto que pode levá-lo a ser dono
de um verdadeiro império na rede escolar do futuro – assegura o rapaz.
- Ideia
de péssimo gosto, pode não prestar.
- Ora,
ele acredita no seu ‘taco’. Quer mergulhar de cabeça no empreendimento, tempo
integral. É um bom negócio.
- É uma
coisa de risco.
- Sim.
Todo negócio tem seu risco. Mas, é preciso dar um passo para trás para dar um
salto à frente. E depois, é uma iniciativa na área da Educação, ‘né? Seu
marido, sempre esteve atento em questões ligadas ao ensino, sabe bem disso.
- Ai, nem
quero detalhes - expressa Suzana enfática.
Risos.
Mathieu:
- Está
vendo, mulher adora contrariar.
- Ora,
Math, dinheiro em demasia significa muito poder nas mãos de uma pessoa. Onde
reina o poder, a sensibilidade humana esvazia.
- Ora,
Suzana, não faz pouco caso. Existe no ser humano um desejo natural para
melhorar a sua condição de vida, receita o filósofo escocês Adam Smith. Até Mao
Tse Tung, imerso na sua maior ambição, admite que a verdade é que enriquecer é
glorioso.
- C’est de la merde!
- Iiiiiiii...
Não faz essa carinha. Seu marido vai se dar bem, claro. Ele tem know-how e estrada. Raposa que vê o
futuro, acredite.
- Conheço
a peça: raposinha ardilosa como nenhuma outra. Foi depois que ele inventou de
fundar esse cursinho, que nossa relação entrou em parafuso de vez. Nada bateu
mais. Hoje ele só pensa em fama e dinheiro.
- Caracas!
- Quando
se começa a olhar para o lado financeiro com tanta ambição não se pensa mais na
vida amorosa, rompe até os laços de convivência familiar, porque a existência
passa a ser calculada em termos de rentabilidade. É repugnante, Math!
- Menos, querida.
- A
ganância é uma máquina perigosa, avarenta e cega, pode crer.
- Putz!
- É o
caso. Meu marido sai de manhã, passa aqui voando para almoçar e só volta tarde
da noite, como se a gente estivesse brincando de gato e rato. Mal vê o filho
crescer. O cara passa o dia inteiro na correria, sempre consultando o relógio.
Tudo pelo dinheiro, o resto ele bota para escanteio. Esposa, filho, casa é para
ele apenas enfeite - aborrecida, lamenta Suzana.
- No
início é assim mesmo, querida.
- Háháhá!
Desculpa mais esfarrapada.
-
Desassossegue não.
- Está
semeando ventos que vão produzir uma tempestade em nossa relação. Espere só para
ver.
- Com o
tempo as coisas chegam nos eixos.
- Nunca.
O dinheiro, Math, pode comprar uma casa, mas não um lar. Via de regra, o
resultado é desastroso, catastrófico.
-
Não pense assim.
- Ora,
Math, não acha que viver deve ter propósito maior do que trabalhar, ganhar
dinheiro e morrer como um todo poderoso?
- Fica
fria. Pelo que conheço do seu marido a família está em primeiro lugar, negócios
em segundo. É o que ele me passa.
Pausa.
Suzana com escarninho:
- A vida
não é só dinheiro. Em demasia faz mal, animaliza. Vira piração.
- Talvez.
- Já leu
o Grande Gatsby, livro de Scott Fitzgerald?
- Não,
ainda não li – responde o rapaz.
- O autor
registra as sutilezas da moralidade endinheirada norte-americana. Nesse livro
mostra que o milionário produz seu próprio código de conduta. Leia. Vale a
pena.
- Claro.
- Aí, vai
me dar razão.
O rapaz,
como se arrumando os pensamentos, reflete um pouco antes de falar:
- Não é o
caso. José Renato é gente boa. Humanista por natureza.
- Ai que
você se engana. Cada vez mais me convenço de que meu esposo sofre de psicopatia
institucional. Ele quer para si toda a fama, toda a gloria e, também toda a
fortuna.
- Ferina
hoje, hein? – alfineta o rapaz.
Sem
responder, a mulher se deixa cair para trás na poltrona, baixa os olhos úmidos
e diz numa voz embargada:
- Aí tem.
- O quê?
- Coisas
para complicar mais ainda a minha vida e a de meu filho.
- Está
vendo, já ficou ‘jururu’ de novo! – observa o rapaz.
Suzana
segura a respiração por dois ou três segundos. Depois, soltando o ar, expressa
entristecida:
- Ai, um
porre!
E
escondendo o rosto nas mãos.
- Que
mulher aguenta?
-
Controle-se. Raiva não lhe faz bem.
- Não,
não faz. Bem, bem... Quer mais um café, Math?
- Aceito.
- Ok. Um
minutinho só.
A mulher
deixa a sala e, instante depois, retorna com a chávena cheia de café.
- Pode
tomar, está quente.
-
Obrigado.
-
Saaaaaco!
- Alguma
coisa que eu possa fazer?
- Não
sei.
- Sabe,
sim. Vejo interrogações nos seus olhos.
- Não
precisa ter essa preocupação comigo.
- Somos
amigos.
- Quer
saber, eu quero que ele vá para os quintos do inferno – esbraveja a mulher, em
cujo rosto reproduzia o tédio que a insipidez da infelicidade pode causar.
- Que
isso, Suzana?
- Seu
amigo, de uns tempos para cá, é como uma doença que provoca mal-estar.
Incomoda. Na verdade, não tolero mais olhar para ele que tenho vontade de
esganar sua cara.
- Posso
imaginar.
- Em casa seu mau-humor, virou moda.
- O que
não é bom. Tem como maior desvantagem a grosseria que acompanha esse estado de
espírito, não é?
-
Certamente. Amanhã vou entrar numa Igreja e rezar para que ele não volte tão
cedo dessa viagem – protesta Suzana com ares de preocupação.
-
Caracas!
- Por
mim, ele pode desaparecer do mapa, evaporar.
- Putz!
Sem ele aqui até o ar fica mais respirável. Troço químico..., sei lá – conclui
a esposa num ligeiro sorriso de ironia.
- Difícil
de imaginar tudo isso. José Renato é um cara que se dá bem com todo mundo.
Gente fina, boa-praça.
- Até
parece!
- Hein?
- Idôneo,
mas nem tanto.
- O que
está querendo me dizer?
- Ora,
Math, gente fina não engrossa, não trapaceia. Não humilha, não esnoba, muito
menos julga alguém. Aquele seu jeito de ser inofensivo é balela. Ele possui
faces que você não conhece nem pode imaginar. Um camaleão! Digo mais: só
preserva os amigos que lhe interessam, bem situados na vida.
- Não
sei. Não sei. Comigo ele é legal, meu chapa. Mostra-se interessado no meu
crescimento literário.
Pausa.
Suzana admirada:
- Nossa,
Math, que rasgação de seda! Não imaginava que eram tão afinados. Almas gêmeas?
O rapaz
retrai o sorriso. Faz um sinal com a mão:
- Menos,
Suzana.
- Ninguém
é só o que parece ser. Escondemos de todos, e de nós mesmo, o que temos de
pior. Sabe disso melhor do que ninguém.
- É
assim?
- O que
somos de verdade fica camuflado no inconsciente, como um motor de pouco
barulho. Clarice acertou em cheio ao afirmar que o que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.
- De
pleno acordo.
- As
pessoas nem sempre são aquilo que parece ser, viu?
- Caramba!
- Caramba!
- José
Renato é péssima influência para você. Um mascarado. Ambivalente como ninguém,
ele reúne vários ‘zés’ dentro de um só.
- Não é o
que se nota.
- Claro.
Na rua o ‘babado’ é outro, ele segue o rastro do leão manso, macio por fora e
duro por dentro. Desapega, enquanto é tempo.
- Putz!
- O
verdadeiro homem é o que está oculto no próprio homem. E o grande erro é ver no
ente exterior o ente real, viu?
- Viu.
Suzana
dá-lhe um leve beliscão nas costas da mão esquerda, dizendo:
- Você
não precisa chaleirar nem ficar babando ninguém. Deixa de ser besta, sô!
- Hein?
- É um
jovem de talento. Não joga isso no lixo não.
- Devo
aos meus amigos, mais do que todos a José Renato, a oportunidade de estar aí no
mercado editorial, elaborando com mais pretenções o meu trabalho.
- Best friends?
- Bons
amigos, sim. Além de aprender muito com sua amizade, por meio dela, entrei em
contato com a cena literária da cidade. Com a amizade dele que os meus valores
começaram a mudar, dando partida a uma odisseia que ainda não chegou ao fim. Foi
mesmo um encontro interessante, estou muito entusiasmado.
- Eu sei.
- Corro
atrás de meus sonhos, Suzana. Sempre tive muito foco e profissionalismo. As
coisas ficam melhores para aqueles que procuram ajuda dos mais experientes,
não?
- Ã-Hã.
- O Zé me
apoiou desde o início. Seu marido é uma das figuras mais influentes no mundo
das artes da Capital Mineira. Sabe disso, ‘né?
- Seu protégé?
- Para
mim, ele se tornou uma figura admirável, até porque vivemos mais ou menos dentro
do mesmo ideal. Além de amigos, como disse, é meu fiador literário e mentor
intelectual. Sou-lhe grato pelas portas que me abriu. No mais, sinto que muitos
fatos marcantes ainda estão por vir - acentua o rapaz com firmeza.
-
Imagino.
- Não
posso negar que as pessoas mais velhas que conheci, sempre me passaram um bom
aprendizado de vida.
Suzana coloca
a mão direita no joelho do rapaz, dizendo:
-
Esquenta, não. O Zé também ganha com sua juventude. Não lhe deve favor nem
satisfação. Uma troca. Põe isso na sua cabeça e cuide de seu futuro.
- Nem sei
o que dizer.
- Pense o
que quiser. Mas, fique sabendo que, em casa, o único idioma que seu amigo
conhece é o da autoridade. Abusado demais da conta, falso.
- Não é
melhor ter mais compreensão com seu marido?
- Só
noutra encarnação, porque nessa já perdi seu amiguinho de vista.
-
Caramba!
- Abra os
olhos, cara. Sob essa sombra de bonzinho o que há é um lobo em pele de lobo
mesmo. Ele tem dupla personalidade. Depois diga que não lhe avisei.
- Sem
baixar o nível, por favor.
- Tem um
provérbio chinês que meu pai falava sempre: prepare
seu cocuruto àquele que você mais confia, porque dele poderá vir grande
cacetada.
- Nada a
ver.
Suzana
reabre o sorriso, dizendo:
-
Nem tanto ao céu nem tanto ao mar!
E
sugere:
- Tá bom. O que você acha de mudar de assunto,
porque não aguento mais sua adulação pelo José Renato.
- Boa
pedida.
- Então
me deixa respirar um pouco.
-
Respire.
- Deus é
mais!
- Dê cá a
sua mão, querida. Quero sentir o calor de uma mulher virtuosa e muito bela.
Suzana
estende o braço e aperta a mão do companheiro, demoradamente. Ele coloca o
cigarro na boca, traga e, pensativo, começa a distrair seu olhar nas volutas de
fumaça.
* FBN© - 2012 – Apenas um Sonho..., NUMA NOITE EM
68 - Categoria: Romance de Geração - Autor: Welington Almeida Pinto.
Iustr.: Nu, de Di Cavalcanti – Link: http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/9ix-revelacoes-intimas.html?zx=4dd0c056f5d6731c
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