2011-01-03

05/V - MENTES PERIGOSAS

*

Alton S. Tobey

     O Mundo de Frida, óleo sobre tela. 




 

Mathieu leva o cigarro à boca sem afastar os olhos da amiga.
- Quem sabe seu esposo volta desse Seminário com outra cabeça e disposto a rediscutir a relação de vocês.
- Não adianta. Nem com intercessão divina eu quero viver com José Renato. É sério – afirma Suzana, decepcionada.
- Mesmo?
- E não me aponte o dedo, viu?
- Fique tranquila.
Suzana aperta as mãos, nervosa.
- Olha, eu tentei. Mas, nem sempre podemos escolher nossos finais, eles acontecem. Fazer o quê, não é?
Risos. Mathieu:
- Você está com uma cara! Tem a ver com a viagem dele?
- ...
- Tem?
- Ahhh ... Sei lá, mil coisas.
- Mil coisas?
- Melhor deixar isso para lá.
- Sabe para onde seu marido viajou?
- Fortaleza.
- Vai participar de um Simpósio.
- Tomara que lá esteja chovendo. E muito - maldiz Suzana com gestos inquietos.
- Atormentada com isso?
         - Ah!
- Joga praga não.
- Ele não liga para mim. Então, não ligo para ele.
- Dorzinha de cotovelo?
- É ruim, hein?
- Coração mexido?
- Está louco, cara! Vira essa boca para lá.
- No fundo... No fundo da alma, quem sabe ainda existe mais esse probleminha para resolver. Conte isso direito.
A mulher levanta as sobrancelhas.
- Pensa que estou fazendo cena de ciúmes?
- Não, longe disso. Tenho um palpite que a história de vocês não acabou assim como está dizendo. Você ainda se derrete por ele.
- Enorme..., grande, mega bobeira!
- Ciúme, Suzana, é afrodisíaco. Atiça as inseguranças.
- Vira essa boca para lá.
- Calma. Calma.
- Ah!
Mathieu, com ares de preocupação:
- Ainda torço para que seja um desentendimento passageiro. Afinal, ninguém é perfeito.
- Para de fazer onda! - pede a mulher impaciente.
             - Aposto que o seu marido chega para as festas de fim de ano cheio de aspirações para consertar tudo isso, e reatar o namoro entre os dois pombinhos.
- Sem palavras.
- Pode até telefonar para seu esposo e escolher um bom presente de viagem.
- Já escolhi: distância dele.
- Hein?
- Ora, Math, que história é essa?
- Perturba não, a poeira vai baixar.
- Háháhá! Dia do São Nunca!  – expressa Suzana num tom maldoso.
- Um esforcinho, só.
- Esforcinho?!
- Mínimo.
Com tragadas miúdas no cigarro, ela se mantinha indiferente.
- Querência que não encaro. Nem morta, viu?
- Suzana, certas coisas na vida a gente deve apagar, esquecer. Pluft! Deixar para lá.
- Querido, tem certas coisas na vida que são inesquecíveis. Plac! Colam para sempre em nossa memória.
Risos. Mathieu:
- Numa boa, menina.
- Ou acha que é só virar a chave e tudo volta como era antes?
- Bem...
- A situação sempre foi muito cômoda para ele - diz a mulher em tom de reclamação. - Para mim não foi nada cômodo.
- Suzana!
- Por que devo abrir o meu coração, quando ele também não abre o seu?
- Suzana, olha aqui?
- Não é assim... Me erra, vai!
- Tenta ver lado bom das coisas e deixe de tanta resistência. Quando se vê, já são seis horas! /Quando se vê, já é sexta-feira/Quando se vê, já é Natal, Quando se vê, já terminou o ano..., alerta Quintana.
- Não me venha o senhor com esse lero-lero – pede a mulher, olhando com certa repulsa para o amigo.
- Não estou brincando.
Suzana, depois uma longa tragada no cigarro, fuzila Mathieu com um olhar curioso. E pergunta:
- Importa para você?
- Claro que sim. Quero a felicidade do casal.
A mulher encolhe os ombros. Mathieu persiste:
- Vê se consegue segurar essa barra nesse fim de ano.
- Nanã. Para mim, quando algo termina, acaba realmente. Zera.
- Putz!
- A melhor maneira de lidar com as pessoas que traem nossa confiança é passar a ignorar a presença delas no mundo. Não acha?
- Talvez.
Depois de outra delongada sorvida no cigarro, Suzana com a voz um pouco irritada:
- Página virada, arrancada até. Quero esse cara bem longe de mim. Bem longe. Amor para mim, Math, é cuidar. Nunca fazer o outro sofrer. Portanto, nada mais me interessa nesse casamento. Deixei de ser Polyana com seu mundo cor-de-rosa. Ponto final.
Mathieu não se dá por vencido:
- A passagem de ano desempenha grande efeito psicológico sobre as pessoas e pode jogar alguma luz sobre o quebra cabeça. Réveillon, em francês, significa acordar, despertar. Propõe renovação e recarga de energias para alimentar uma convivência pacífica entre as pessoas.
- Vou pensar no caso. No fundo, no fundo sou generosa.
- Jingle Bells?! - solfeja o rapaz.
- Too little, too late!
- Fim de ano é época de fazer um balanço da vida. Refletir sobre erros e acertos, sacudir as desilusões e renovar as esperanças. Afinal, não tem oportunidade melhor para mudar o estado de espírito, se livrar das magoas e ressentimentos. Resignar-se. Certo ou errado?
- Clichê. Puro clichê.
- Sim, querida, pode até ser. Todo ano que se inicia não deixa de ser um convite a uma reflexão. Reflexão de si mesmo, claro. Daí para frente, se queremos alguma novidade de fato, ela virá da nossa maneira de encarar a vida. Concorda?
- De qualquer forma, na virada desse calendário, vou me vestir toda de vermelho – revela Suzana, voltando a ensaiar um sorriso.
- Toda?
- Da cabeça aos pés, inclusive a lingerie. Háháhá..., e com uma rosa rubra espetada nos cabelos.
- O que tem o vermelho com isso?
- É tom de roupa longe de ser sem graça. Liga-se nisso, cara! Chama paixão.
- Sério?
- O vermelho na pele é como Martini com cerejas, me deixa alucinada, uma tentação – conclui a mulher numa expressão maliciosa.
- Oba!
- O pé esquerdo em 1968 que, para mim já é passado. E o direito em 1969. Quero abrir o ano novo com mais essa no cardápio do meu réveillon para atrair energias positivas. Não conheço canal melhor para a gente soltar a imaginação, certo?
Risos. Mathieu:
- Sabia que, desde a antiguidade, a rosa era uma flor consagrada a Vênus?
- A vermelha?
- Essa cor não existia.
- Não?
- Ovídio conta em Metamorfoses que, na origem, suas pétalas eram brancas, até que um dia a deusa, ao perseguir o seu amado Adônis, feriu-se com os seus espinhos e a tingiu de vermelho com o próprio sangue.
- Ave Maria!
Mathieu toma-lhe as mãos e apoia:
- Ano novo, vida nova e diário novo. Vamos abrir os braços e acolher bem 1969, que promete uma montanha de emoções para todos nós.
- Oh, céus! Abrir é pouco, escancarar.
- Adeus, 1968. Feliz 69.
A mulher silencia, esconde o rosto entre as mãos. Não queria se mostrar nervosa, mas estava intranquila. De repente levanta os olhos em direção ao amigo.
- Math, posso te fazer uma pergunta?
- Claro.
E com um biquinho de mal humorada, ela:
- Já que insiste em falar de José Renato, gostaria que me contasse se ele tem outra?
- Outra?
- Outra mulher na sua vida.
- Que isso?! – admira o rapaz.
- Me fala, ele tem outra?
- Caramba!
A mulher prega seus olhos claros nos olhos do amigo, como se implorasse por uma resposta.
- Ei, qual é, não vai falar?
 - Claro que não.
- Não mesmo?
- Claro que não.
- Bem, Math, acho que ele anda aprontando por ai.
- Piração da sua parte.
- Pelo amooor de Deus, para com essa história e não encubra a verdade de mim. Vamos, fala o que sabe e não me tapeia.
- Não sei de nada. Nada mesmo.
- Aiaiai ... Ai tem coisa!
- Deixa de ser boba, menina.
Com um olhar queixoso, regado por uma fagulha de suspeita, Suzana:
- Há muito lido com o vazio da dúvida, uma pulga me coça atrás da orelha...
- Cismada com o quê?
- Sempre tive, desde o início do casamento, uma desconfiança de que ele quer me deixar, me rifar.
- Há! Ha! Há! O Zé te deixar?!
- Só pode ser outra mulher no ‘pedaço’!
- Imaginando bobagens.
Suzana emudece de novo. Alguma coisa no sorriso que rondava o rosto do rapaz deixou-a mais nervosa:
- Não minta, nem queira me poupar. Não sou sonsa, uma hora vou descobrir mesmo, você vai ver.
- Putz!
- Pois então para de proteger seu amigo. Merda!
- Ô, Suzana, que isso?
- Ai, que agonia! Diga logo e não fica ensebando - impacienta-se Suzana, alterando ligeiramente o tom da sua voz.
- Realmente não sei de nada. E deixe de me olhar com essa cara de desconfiança.
- Claro que sabe, vamos... – insiste a mulher em tom suplicante.
- Tolice de sua cabeça.
- Olha aqui, seu Hitler, veja se tenho nariz de palhaço.
O rapaz ri com ironia. Ela continua:
- Deve achar que sou uma tonta. Sem sacanagem, viu?
- Por que essa agora?
- De certo tempo para cá, do jeito com que ele me procura, deixa a sensação de que pensa em outra pessoa.
- Não seja dramática.
Ela fica um instante em silêncio, pensando.
- Ora, Math, qual mulher não tem ciúme sexual do homem que tem em casa?
- Deixa de cismas..., de devaneios. O ciúme é um monstro que zomba da carne que consome, já advertia William Shakespeare.
- Durmo bem com os insultos de quem pensa diferente de mim, mas perco o sono literalmente quando alguém me faz de trouxa. Fique sabendo, viu?
- Está imaginando bobagens. Nada a ver.
- O que magoa, Math, quando algo assim acontece, é a sensação de ter sido passada para trás, trocada por outra às escondidas. É insuportável!
- Tire isso da sua mente, menina.
         Suzana olha fixamente o rapaz que, depois de um sorvo prolongado de cerveja, diz:
- Ele nunca me disse nada, nunca vi nada, juro.
- Para de jurar também. Jurar tanto assim é coisa criança.
- De fato.
Ela contrai os lábios, cruza os braços e fita o amigo com um risinho divertido e amargo.
- Enrustido como ele é pode até ser outra coisa - insufla a mulher em tom fatalista.
- Exemplo?
- Se não é com outra mulher...
O rapaz não acha graça. Franze a testa, ajuizando um pouco antes de rebater.
- Insinuando o quê, mocinha?
- Bolas. Aqui em casa, como ele me trata tão mal, pode ser sinal de aversão ao sexo feminino. Então?
- Então o quê?
Suzana aperta uma mão cerrada contra a palma da outra, estalando as juntas dos dedos.
- Sei lá. Existe o tipo meio misógino. Aquele que habita mal o corpo masculino, porque tem o lado feminino aflorado.
- Caramba! Não acha que está levando tudo um pouco longe demais?
- Posso ter defeitos, querido.  Mas a burrice não está entre eles, já disse. Essa agressividade por parte do Zé pode ser um modo de desviar a atenção das verdadeiras razões que o levam a me agredir tanto. Ao que tudo indica, esconde lances calcados lá no seu passado, quando cometeu coisas que rejeita e não consegue enterrar de vez.
- Sem provocações, Suzana
- De qualquer forma, Math, a ideia que me vem à cabeça é que, se for o caso, melhor ele procurar ajuda de um profissional, analisar com mais cuidado o perfil sexual que tem dentro de si e tratar a questão com mais prudência. Isso ajuda o cara a lidar com todas as questões que o sexo envolve.
- Viaja não, Suzana – repulsa o rapaz com a observação que lhe pareceu exagerada, e fora de propósito.
Suzana ri um riso esganado, gutural.
- Algum receio?
- Não, nada disso.
Sem esperar a réplica, o rapaz emenda:
- Se for o que está pensando, pederasta, boiola o Zé não é – pontifica.
- Pode ser que sim. Pode ser que não.
- Aonde você quer chegar?
- Alguns analistas defendem que atrás de um homem possessivo, machistas e ciumento podemos encontrar grandes doses de insegurança de sua própria sexualidade. Por isso mesmo, querem dominar e controlar não só o presente, mas também o passado de sua companheira. Dessa forma acaba infernizando as relações matrimoniais.
- Está indo longe demais, Suzana.
- Ah, Math, você bem sabe que temos sentimentos que a própria razão desconhece. A sexualidade humana não é assim tão preta no branco. Pode apresentar inclinação em outra direção, impingindo o indivíduo a desejos inexoráveis. Fica sempre uma incógnita.
- Sem essa!  Mais juízo, criatura – assevera Mathieu ao perceber o que se passava na mente de sua amiga.
- Também não precisa ser grosseiro – rebate ela amuada.
- Bolas, não acha que está indo longe demais?
Suzana olha para o rosto do rapaz e percebe seu espanto, claramente, exposto.
- Ih, Math, que cara mais aborrecida é essa?
Ele não se manifesta. Ela:
- Põe um sorriso nessa cara, põe?
- Posso ser franco?
- Pode.
- Não gostei dessa maneira, sem pé nem cabeça, que você coloca as coisas.
- Ah!
- Estou mesmo assustado com seu modo de falar.
Suzana com um ar maroto, baixa a cabeça.
- Peço desculpas. Foi um desabafo.
- Cuidado, hein! Uma língua afiada demais pode cortar a própria garganta. Todos nós sabemos muito bem disso.
- Conjecturas, Math! Conjecturas! Deus queira que não seja eu um espelho que revela esse tormento para José Renato. Sobretudo, que eu esteja me preocupando à toa. Mas, que há algo podre no reino da Dinamarca há, como disse o príncipe Hamlet meio perdido na vida.
- Deixa de inventar moda, menina - pede o rapaz, bebendo mais um pouco de cerveja.
Depois de um tempo calada, Suzana acende outro mentolado, puxa uma baforada de fumo e, contemplando o amigo, pergunta-lhe se tinha ficado tão chateado assim com suas pressuposições. Ele responde:
- Deve ter um pouco mais de cuidado com o que se fala.
- Também não precisa ficar com essa cara apertada. Você não notou que foi só um desabafo. Estou muito embaraçada, cara. Excedi-me nas suspeitas, reconheço.
Mathieu sorri atravessado.
- Sua alma sua palma. Você que se cuide, hein?
- Abandonada, usada e, agora, puta da vida.... Ralha comigo não, nem fique amolado com os meus chiliques. Passei dos limites, perdoa-me. De fato, devo segurar mais a língua.
- Esquece. Não sou tão rígido assim.
- Então para de me olhar de cara feia...
- Tudo bem, não se preocupe.
Suzana pega o seu copo de cerveja, chega mais perto do amigo, e o aproxima dos seus lábios, dizendo:
- Toma essa cerveja aqui. Você está nervoso. Anda, bebe.
- Não se preocupe.
- Ô, Math, estou cansada, com raiva da vida que levo – ressalta a mulher em voz baixa como se, de novo, pedisse desculpas.
- Já falei.
Recompondo-se, ela fala com mais calma:
- Eu lhe peço mil ..., mil desculpas. Pronto, não quero dizer nenhuma palavra mais sobre esse assunto, okay? Juro que não abro mais a boca para falar do seu amigo. Prometo.
- Melhor conter sua raiva. Estricção intensa rói e corrói, perturba a si e aos outros, atrapalha. Melhor ser alegre do que triste.
- Tem razão.
- Depois, querida, tristeza não lhe cai bem.
- Iche!
- A raiva é um veneno que bebemos, esperando que os outros morram. Palavras também de Shakespeare. Reflita sobre isso, viu?
Mathieu retomando o humor:
- Pois então vamos mudar o rumo desse papo, abrir um sorriso grande, porque rir é o melhor remédio para todos os males.
- É que..., é que... – Suzana se atrapalha. - Está bom, assunto encerrado. Podemos ser amigos de novo?
- Claro, claro.
Depois de um longo suspiro, Suzana:
- Meu Deus do céu! Estou mesmo é precisando de um colinho, de um help.
- Colinho?
- Sim, colinho, aconchego, cafuné, toque, um momento de afeto. Bateu imensa vontade de ser feliz de novo – murmura a mulher com a voz um pouco embargada.
- Claro.
Suzana pula para o sofá e se acomoda ao lado do amigo. Passa o braço em volta de sua cintura e recosta a cabeça no seu ombro. Logo ele começa a acariciar seus cabelos. Ela:
- Ai, precisava disso. Que bom!
- Linda!
- Meu Deus, quantas dores um colinho pode curar?
Depois de tomar um pouco de cerveja, Mathieu revela em voz macia:
- Gosto muito de você, menina bonita.
- Sou-lhe grata por isso.
- Bom.
- Sabe o que eu quis dizer com todas essas provocações?
- Não.
- Que eu e o Zé, às voltas com um tedioso relacionamento, há muito esquecemos que um namora o outro. Faz tempo que o tempo fechou aqui em casa. Arre!
- Dá para perceber.
- Entre nós, como dois estranhos movidos a ressentimentos, gelados e duros por dentro, o que sentimos um pelo outro é desprezo. Nada mais. Somos dois bilhetes vencidos dentro da mesma gaveta – conta a mulher
Pausa. Mathieu em tom recital:
- Ame a todo o momento, todos os dias, de todas as formas e maneiras, de qualquer jeito, em todo lugar, sem culpa, sem pudores, sem preconceitos, sem tabus, sem vergonha. Mas ame. A vida é o dever que trouxemos para fazer em casa, ensina Mario Quintana, mostrando que a sensualidade é algo precioso.
- Hummmmmm!
- É o desejo que põe fogo nas veias, querida.  Faz o sangue ferver.
A mulher eleva a cabeça com um risinho irônico, brinca:
- Háháhá... Aqui zerou foi tudo, a cobrinha de Esculápio já perdeu o seu encanto, joga na retranca há um bom tempo. Encolhida, mostra sua repulsão à sensualidade.
- Que isso?
- Falo sério.
- Isso é mau. Muito mau.
- Penso assim também. Em casa, a gulosa entre os lençóis sempre fui eu, principalmente, em noites de lua cheia – conta a mulher num lamento volupioso.
Mathieu não aguenta e cai na gargalhada. Depois fixa o olhar em Suzana, julgando descobrir sobre seus lábios o esboço de um novo sorriso.
- Olha só, que disposição?!
         E instila:
- A lua, querida, sempre exerceu fascínio erógeno nas mulheres.
- Pode ser. Desperta o vulcão que tenho dentro de mim, que pede qualquer coisa mais do que uma capa de veludo, rapaz. Pede calor, eletricidade, movimento...
- Fera!
- Ã-Hã.
- Assim sendo, garotinha calorosa, ouça muita música romântica e pratique muito amor.
- Oh, céus, como sou infeliz!
Mathieu, depois de esvaziar o copo de cerveja, brinca com ironia:
- Pelo jeito, o maridão não anda conferindo de acordo!
- Oh, céus, como sou infeliz! – repete a mulher com ar de gozação.
- Hein?
Suzana começa a rir. Mathieu:
- Rindo de quê?
- Estou rindo porque pensei bobagens.
Ele também ri. Ela responde em voz baixa:
- Sim, não, quer dizer... Ah, você sabe. Rebobine. Rebobine essa, plis – pede Suzana, rindo um pouco mais alto.
 
 
 

* FBN© - 2012 – Mentes Perigosas..., NUMA NOITE EM 68 - Categoria: Romance de Geração - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.:  óleo sobre tela O Mundo de Frida - Alton S. Tobey - Link.: http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/6vi-mentes-perigosas.html
 
                                           - 05-