*
CHANINA
Amores, óleo sobre tela.
Suzana com um sorriso maldoso:
- Meu amigo, com esse olhar penetrante não fica difícil
reconhecer em você um fervoroso discípulo de Don Juan.
- Acha?
- Parente
dele?
-
Distante, suponho.
Suzana ri. E explica:
Suzana ri. E explica:
- Vez ou outra cai em minhas mãos histórias da lenda popular
desse cínico libertino do século passado, viciado em sexo. Passo os olhos e
descarto. Nada me atrai nesse personagem. Representa a perversão das
perversões.
- Nada?
- Ai, que pobreza! Prosa mais tacanha, banal. Não cola.
- Acha?
- Piegas e infestada de clichês para descrever o comportamento de uma pessoa que sente um desejo sexual
incomum. Ou melhor, obsessão intensa com o sexo. Ridículo.
Risos. Mathieu:
- Menos, querida. No meu modo de ver, o erotismo é a fantasia da
fantasia. Trata-se de um gênero literário que mexe muito com o corpo, gera
comiserações e sentimentos agudos. Dá frissons
e, sobretudo, um bom entretenimento.
- Será que isso faz falta em nossa vida sexual, Math? Tenho
minhas dúvidas. Mas, concordo que sutileza é a última coisa que eu alguém
procuraria numa obra pornográfica.
- Evidente que não faz.
- Para mim são autores de quinta, indigestos. Flores do mal. Tão
sujos em seus pensamentos quanto suas unhas. Mesmo assim, eles dão vida a um
bom-mocinho mergulhado no lixo, porém revestido por um verniz cool. Eis o grande mérito de suas
obras, nada muito além.
O rapaz contesta:
- Não. Não. Não. São autores peritos em dizer que, na essência,
o homem possui um cérebro atento a momentos de grande prazer e alegria e,
subjetivamente, dispostos à reprodução a qualquer hora, em qualquer lugar.
- Hein?
- Isso mesmo. Um macho de fato vive correndo atrás de uma bela
matriz, imaginando transferir seu estoque genético, mesmo que no sentido
hipotético. É o instinto natural de preservação da espécie.
- Háháhá! Que paranoia é essa, Math?
- Sério. Para seduzir donzelas de seu interesse, os homens fazem
de tudo. Artistas escrevem páginas gloriosas de poesias, compõem canções
líricas, criam telas e produzem esculturas fabulosas, tudo para valorizar os
atributos associados à mulher e celebrar a vida amorosa.
- Bobeira.
- A ciência, no sentido de explicar o fato, vem publicando
estudos que comprovam isso. Os resultados mostram que o erotismo começa nos
primeiros anos de vida, quando a criança, ao tocar certas partes do seu corpo,
percebe a estimulação. Como é agradável, ela repete o procedimento.
Suzana faz um sinal negativo com a cabeça.
- Leviandade total, cosa
mentale!
- Querida, meditando sobre Ilíada, a gente entende como os
homens estão dispostos a qualquer coisa por causa da fêmea desejada. Não é à
toa que a obra homérica, escrita há mais de 3 mil anos, continua sendo um dos
livros mais apreciados da literatura mundial.
- Ah, Math, nada me seduz em Don Juan. Em todos os ensaios, seus
autores mostram um personagem de vida vazia e imbecil, um mulherengo inveterado
que busca apenas as conquistas pelo sexo. Quer saber, mantenho distância
asséptica desses livros. Falo sério.
- Pode não lhe agradar, respeito. Mas, trata-se é uma figura
romanesca que prega a ousadia absoluta no amor, através de um imponente e
decidido personagem que ama todas as mulheres – um poço de testosterona.
- Arrebata corações?
- Don Juan foi imaginado para fazer de cada momento amoroso uma
grande ocasião de prazer sexual, logicamente, sem as obrigações do compromisso
conjugal. Por isso mesmo goza de grande popularidade entre leitores no mundo
todo.
- Safadice elevada ao cubo, catártico - conclui a mulher com ar
de escárnio.
- Ora, Suzana, entra século sai século o protagonista é presença
constante na criação de inúmeros autores de primeira linha também, fascinando
leitores de perfis bem diferentes. Posso citar Tirso de Molina, que mostra um
personagem apolíneo e festeiro, que transborda lirismo em suas exultações
sexuais. Na mesma linha, encontramos Hoffman, Molière, Puchkin e Byron que, em
versões épicas, conquistaram admiradores desde o século XVII.
- É?
- Também Mozart se curvou ao implacável sedutor que, muito bem
sabia dedilhar a harpa escondida nos corações femininos da época, criando o
romântico musical Don Giovanni com as 2065 Mulheres. Regido pelo próprio
compositor, a peça estreou em Praga em 1787 com sucesso absoluto. Em A Dama das
Camélias, o bom-vivã está lá, inspirando Alexandre Dumas a mostrar sua força
sedutora para conquistar todas as mulheres do mundo. Belíssima peça de teatro.
Assistiu?
- Não.
- Ficou uma boa temporada no Teatro Marília.
- Não deu para ver.
- Pena.
- Lamento até hoje.
- Enfim, para esses escritores sexo é o prazer no sentido mais
amplo do corpo. E, com um detalhe, todos são unânimes em alertar que a paixão
não deve esticar por muito tempo numa mesma alcova, porque é uma patologia
nociva ao coração. Sem falar que é fator de risco para o próprio órgão.
- Neurose obsessiva!
- Portanto, com sabedoria, escreveram romances para alimentar a
imaginação de homens e mulheres, alucinados pelos encantos do carne.
A mulher põe a mão no rosto, observando:
- Só o que me faltava? Ai, nem Freud explica tamanho absurdo,
explica?
- Explica sim. Depois de muitos estudos, o analista confirmou
que, cientificamente, cada mulher expõe sexualidade única. Tem mais, cada uma
que encontramos apaga todas as fidúcias sobre a anterior. Mais acerto do que
erro.
Pausa. Suzana toma um trago de cerveja e conclui:
- Nunca recomendaria o tema aos meus alunos.
- De jeito nenhum?
- Ô, cara, essa poligamia me assusta!
- Eu sei. Eu sei.
A mulher abana a cabeça, censurando:
- Santo Deus! Você fala de um jeito que me espanta.
Depois de uma pausa, o rapaz em tom professoral:
- Sexo. Sexo. Diversão com apenas quatro letrinhas pagãs, mas
sentidos que não acabam mais. Faz mil coisas e tudo mais que a imaginação
permitir. Já pensou nisso, querida?
- Não estou nem um pouco preocupada.
- Uma boa sessão
de amor pode exterminar as tensões que endurecem os vasos sanguíneos, acabar
até com a enxaqueca. Produz endorfina suficiente para deixar uma pessoa
eufórica, de bem com a vida. Sem falar que não há tranquilizante mais seguro no
mundo, muitas vezes, mais eficaz do que o próprio Valium. Portanto, cura baixo
astral.
- Ã-Hã!
- Além de tudo,
fabrica estrogênio em quantidade suficiente para deixar o cabelo brilhante e a
pele macia, reduzindo as chances de sofrer dermatites, rachaduras e manchas na cútis.
- Claro. O que
mais?
- Bem, defende a ciência do sexo tântrico que massagear o rosto
com pequenas doses de espermas deixa a tez mais jovem, impedindo seu
envelhecimento precoce.
- Háháhá!
- Também está comprovado que, além de queimar aquelas calorias
acumuladas durante um jantar romântico, o suor de um bom momento sexual promove
a limpeza dos poros, e deixa a pele mais cintilante.
Suzana, com um leve sorriso no canto dos lábios:
- Resumindo: sexo é o grande remédio para quase todos os males
que atormentam o ser humano, uma dádiva. Não é assim que você pensa, mocinho?
- Ã-Hã! Podemos praticar sempre, nenhuma contraindicação.
- Você, hein?
Risos. Mathieu num modo muito seu:
- Melhor crer em Alexandre Dumas e outros escritores, que
mostram mulheres cingidas pela sexualidade, pela concupiscência e com
voracidade sem limites para enfeitiçar seus machos. Delas dependem uma boa
sessão de felicidade amorosa na alcova.
- Tolo!
- No frigir dos ovos, comida e amor são parecidos. O incrível
arrebata. O muito apetitoso seduz. Tudo de bom, ‘né?
- Ihhhhhhhh!... Não precisa dizer mais nada, chega.
- Só mais uma coisinha... O amor carnal desde os tempos mais
antigos é tido como fonte inesgotável de prazer. Basta ler O Banquete, de
Platão e A arte do amor, de Ovídio. Para eles, o entendimento de nós mesmos
passa pela sexualidade. É biológico. É natural.
A mulher
acende outro cigarro, dá uma tragada, prende e depois solta a fumaça, de forma
lenta. Volta-se para o rapaz, curiosa:
- Então, agora, me diga: o que mais chama atenção de um homem
numa mulher para ser alvo tão forte de atração?
- Quer mesmo saber?
- Posso?
- Bem... Bem, falo por mim. Dos atributos da beleza feminina, um
dos que mais me encantam é o olhar, incendeia a minha imaginação. Os olhos,
como dizem os filósofos, são os espelhos da alma.
- Nossa!
- A nuca também. Outra parte excitante e sutil da anatomia feminina.
- Nunca imaginei.
- Zona erógena de fundamental importância sexual também para os
orientais. As gueixas, por exemplo, deixam um triângulo, sem maquilagem,
na pele do pescoço numa alusão aos órgãos sexuais. O efeito é devastador.
- Vem não, sô!
- O pescoço, sempre muito exposto, é como se estivesse pronto
para ser atacado. Talvez por isso seja tão cobiçado pelos vampiros.
- Deus-me-livre!
Risos. Mathieu:
- O timbre de voz e o perfume da pele também me atraem.
- É?
- Por que essa cara?
- Desce fundo, hein?
- Sou movido a libido.
- Háháhá! Essa é boa.
- Tudo me excita numa fêmea. Tudo.
Pausa. Suzana:
- Sei de
mulheres com certa queda por esse tipo de homem de acentuada aparência viril,
material genético farto e recarregável. Tipo cafajeste, macho alfa. Aquele que
tira a roupa de uma fêmea só com uma olhada, já imaginando safadezas num ritmo
de muita acrobacia. E adrenalina em dobro para realizar todos os seus desejos
na cama. Detalhe: boa parte são mulheres da santa família, bem casadas.
- Danadinhas! -
aplaude o rapaz.
- Para elas o
pegador ‘cafa’ é totalmente diferente. Além de tratar bem as parceiras, sabe
dizer tudo que uma fêmea no cio quer ouvir. Por isso ela se sente atraída pelo
cara para uma relação eventual, que pode lhe proporcionar deliciosos momentos
desprovidos de pudor. Quando mais cafajeste o cara é, mais gosta de apimentar a
sexualidade, mais tira a parceira da rotina, do piloto automático.
- Putz!
- Na verdade, são aquelas que desejam se livrar de todas as
peias e se entregar a um homem sem limites, induzidas pela overdose das quatro
letrinhas da palavra. Sexo picante e selvagem, topam o que vier.
- Ponto para elas.
- Por isso mesmo ambicionam ser levadas para cama por um
garanhão de boa pegada, ousado e intenso nas partituras corporais, deixando a
testosterona e o estrogênio interpretar seus papeis convencionais na intimidade
do casal. Vale tudo.
- Testosterona é poder, querida. Mesmo com o estigma de uma
visão cor de rosa sobre as relações eróticas, imagino que não há mulher que não
ceda a um ato sexual com alguma extravagância. Mudar é bom. E elas gostam.
Pausa. Suzana toma um pouco de cerveja e, depois de acender um
cigarro, afirma:
- Hoje em
dia, Math, elas estão mais atiradas numa relação de dominação, ou até mesmo de
submissão fantasiosa, como se fossem um papel em branco que o parceiro monta
como quer.
- Segundo o escritor Nelson Rodrigues, no fundo toda mulher
gosta de ser submetida na cama, gosta de passar por uma quenga entre as quatro
paredes. Geme de prazer quando os machos puxam seus cabelos, dão palmadas em
suas faces ou no bumbum. Para ele, uma dose de truculência estimula o prazer da
intimidade, é afrodisíaco.
Suzana ri. Depois de uma tragada no cigarro:
- Freud na veia?
- Num momento desses, a virilidade na ponta dos dedos é que dá o
tom na satisfação do desejo sexual, cada vez mais aberto, sem limites. É o
caminho da plenitude.
- Ave Maria!
- Sinal dos tempos, querida. Isso faz com que as mulheres
manifestem claramente, e sem culpa, o que gostariam de dividir com seus
parceiros na intimidade, até mesmo sem compromisso afetivo. É o caso das que
sonham com uma aventura de uma noite só para transar adoidado, longe de
qualquer obrigação sentimental. De preferência com um homem desconhecido para
desfrutar o sexo sem nenhuma preocupação no dia seguinte, mas que o cara acorda
caidinho por ela.
- Tudo como em um parque de diversões. Querem apenas sexo em
jardins alheios, depois somem?
Pausa. Mathieu interessado:
- E você, Suzana?
- Eu?
- Sim.
- Está doido?!... Ô, cara, não vai pensar que estou insinuando
coisas, vai?
- De maneira alguma. Desculpe-me – acautela o rapaz.
Suzana desliza a mão, maquinalmente, em seus cabelos.
- Nada tenho a ver com essas assanhadinhas, viu?
- Viu.
- O que falei é assunto que rola em salão de beleza entre as
mais ‘saidinhas’. Não pense que faço parte dessa loucura, nem pensar.
- Não penso, claro. Mas, aposto que também esconde coisas em
algum cantinho escuro da sua mente.
- Acha?
- Acha?
- Acho.
Ela desvia o olhar, brincando:
– Ahhh!!!... Não vai saber nunca.
- Adoraria.
- Curioso?
- Muito.
- Quer detalhes?
- Bem...
- Desculpa, mas não vou dar.
- Nunca.
- Pode tirar seu cavalinho da chuva. É uma questão muito íntima
Mathieu apruma a cabeça e olha a amiga, fixamente, durante
alguns segundos. Depois, pergunta em tom de ironia na voz:
- Quer que eu adivinhe?
- Help! Vai dar uma de vidente agora, vai?
- Duvida?
- Não, claro que não. Aposto que guarda nos bolsos uma bolinha
de cristal ou uma maquininha que lê pensamentos?
- Coisas desse tipo.
Suzana admirada:
- Assim vai ser mole, poeta.
- Sem brincadeira...
- Por que pergunta isso agora?
- Curiosidade, apenas.
- Então quer mesmo que eu segregue meus sonhos de alcova?
O rapaz responde o outro com sorriso travesso:
- Pedi o impossível?
- Não falei nada.
- Mas ajuizou.
- Tolinho!
- Sonhos inconfessáveis de uma mulher provocam curiosidades em
qualquer homem, sabia?
- Nunca pensei nisso.
- Pode crer.
- Por que está me olhando assim? Fico sem jeito.
- Nada.
- Conheço esse ‘nada’, Math. Aposto que está querendo me dizer
alguma coisa.
- Nada, Suzana. Nada.
- Ah, para com isso aí! – bronqueia a mulher com tapinhas
frenitosos na mão do amigo, insinuando que ele estava indo longe demais.
- Sabia que o sonho tem a ver com nossos desejos inconscientes?
Ela não responde. Mathieu insiste:
- Funciona como válvula de escape que liga o inconsciente com o
objeto real.
- Sou muito tímida para certas coisas. Pode me chamar do que
quiser, mas morro de vergonha e, com certeza, não estou pronta para lhe contar
minhas fantasias eróticas. Melhor mudar um pouquinho a direção desse assunto.
- Deixa de ser boba. Pode falar.
- Você é, demasiadamente, curioso.
- Nota-se?
- Sim. Pelo jeito de olhar.
- Como é esse jeito?
- Perscrutador. Aperta as pálpebras e faz perguntas embaraçosas.
- Caramba!
Depois de uma pequena pausa, Suzana fixa o rapaz nos olhos, sem
esconder um risinho meio atrapalhado. Com a insistência do amigo, deixa claro
seu desconforto.
- Já disse, sou muito tímida.
- Inexprimível?
- Está querendo o quê?
- Hummm!
Ela emudece. Mathieu continua:
- Então me outorga o lavro da dúvida?
- Senhor advogado, quem sabe? Não avalio que exista dieta mais
adequada à índole possessiva dos homens do que o benefício da dúvida. Ou tem?
- Cacete!
- Até porque nos ensina uma frase árabe de que o segredo é como uma pomba: quando deixa a
sua mão, cria asas e se perde no espaço.
- Putz!
- Pelo que se sabe, não é do código masculino a demonstração de
segredo quanto às suas conquistas. O homem sempre faz elogios delas a seus
amigos. Sua maior fraqueza.
- Não me enquadro nessa.
- Mário Quintana abona o pensamento oriental. O poeta ajuíza que
os homens não são bons confidentes e alerta: não te abras com teu amigo, que ele outro amigo tem. E o amigo do teu
amigo possui também.
- Arre! Nem se, de joelhos, jurar por Allah que fica só entre
nós?
- Não me faça rir.
- Bolas!
Suzana levanta os olhos e dá um ‘esparrama’, desarmando
inteiramente o outro.
- Coisa feia, cara!
- Hein?
- Não seja teimoso, porque não falo nem amarrada.
- Tudo bem.
- Pelo jeito, com suas amiguinhas, deve ser confidente de
segredos que elas só contariam ao seu analista ou a um padre, não é?
Risos. Mathieu:
- Se não confia...
A mulher não confirma nem desmente, parecia meio confusa. O
rapaz sente a barra e logo muda de postura:
- Tudo bem. Tudo bem. Foi uma brincadeira sem graça, desculpe
minha indiscrição. Pisei na bola em flagrante ‘delitro’, como dizia Fernando
Pessoa. Liga não, já é a cerveja dando o tom da conversa.
- Dios mio! Pelo jeito
gosta mesmo de ter acesso ao reservado universo feminino, mesmo sabendo que o
que acontece numa cama, entre quatro paredes, não é da conta de ninguém.
- Ã-Hã!
- Não fica fazendo muita pergunta assim que fico sem jeito, me
constrange, já disse. Dá para entender?
- Dá, sim.
- Então...
No íntimo o rapaz se preocupa, desculpando-se novamente.
- Perdi a linha, perdoa-me. Viajava.
- Melhor deixar os detalhes e as perguntas de minha vida sexual
para o meu psicanalista - esquiva-se a amiga.
- Sim. Sim. Sim. Agora bebe. Deixe de lado essa carinha de
enigmática e não se fala mais nisso - assegura Mathieu, refreando um pouco seu
entusiasmo.
Suzana ergue as faces, risonha:
- Assim é que deve ser. Mas posso adiantar que meu corpo e minha
alma são recheados de mistérios que nem eu mesma sou capaz de decifrar.
Mathieu estira-se mais na poltrona e pôs-se a rir, enquanto
acendia outro cigarro, sob o olhar divertido da amiga. E comenta com doçura:
- Toda mulher inteligente guarda seus mistééérios no coração,
tem mais do que mostra, fala menos do que sabe. Com você não seria diferente,
‘né?
Sorrindo e arrastando, como ele, as sílabas das palavras, ela
reforça a expressão:
- Claaaro. * FBN© - 2012 – Sonhos de um Sedutor..., NUMA NOITE EM 68 - Categoria: Romance de Geração - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.: Chanina – ‘Amores’ - Link: http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/17xvii-antropofagia-de-don-juan.html?zx=a1f5dddd27b79e31
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