2011-01-03

07/VII - VISITANDO MR. FREUD


*
Modigliane
Mulher Pensativa, óleo sobre tela.
 


Melancholia I , por Albrecht Dürer (1471-1528)


Divã - Lilia Cabral -

                                                           Da Internet.


Mathieu em voz mansa:
- Suzana, já leu O Idiota, de Dostoievski?
- Há tempos.
- Bom.
- Qual a relação com o nosso papo, pode me dizer?
- O néscio do príncipe Michki consiste na absurda crença do ser humano na encarnação da bondade, da sinceridade, da inocência..., apesar das experiências negativas na própria vida. Tudo como se, para ele, a idiotice fosse vital para a felicidade.
- Meu caso?
- E de tantas pessoas para provar que a idiotice se fez carne e habita entre nós. Impressiona-me o grau de entrega das mulheres nos relacionamentos conjugais.
- Ora, Math, era muito nova. Vivia envolvida por um mundo de fantasias, verdadeira Polyana, onde nada direito passa pela sua cachola.
- É?
- Idiotice mesmo.
Risos. Mathieu:
- Sabe o que mais me encabula?
- Diga.
- José Renato ter sido dono do coração de uma jovem tão especial como você e nada faz para evitar a perda.
Suzana cobre o rosto com delicadeza, usando ambas as mãos com a palma para dentro, dizendo:
- Ora, Math, ele deve ter suas razões, claro.
- Não, não tem. Que mais um homem poderia desejar?
- Quem é que sabe?
- Para mim era o casal mais feliz e harmonioso do mundo.
- Até parece, não é mesmo?
- Jurava.
- Háháhá! Agora somos um par de insetos – ridiculariza Suzana.
- Simples assim?
- É.
Pausa. Mathieu:
- Decidida mesmo pela separação?
- Claro. Estou no limite, a ponto de explodir com tanta coisa martelando na minha cabeça. Coisas que ficam guardadas na gente e vira paranoia, perturbando. O álter ego baixa.
- Imagino.
Ela levanta a cabeça e queixa:
- Como é que alguém pode estar bem com um traste desse no seu pé?
- Menos, Suzana.
- Buscava sonhos e dei de cara com um pesadelo.
          - Sim.
- Com isso vem insônia. Você não dorme direito e a mente não para de pensar. É triste.
- Muito.
- Não é pitiatismo não. Percebo que estou sendo conduzida a uma tremenda desintegração física e psíquica, faltando vontade para qualquer coisa. Fico insossa de tudo! A sensação é a de que tenho uma mola quebrada dentro de mim; posso mover os olhos, mas a cabeça não. Sinto que ela fica mole, elástica, apenas sustentada pelo meu pescoço. Ai, é terrível!
- Estranho!
- Às vezes, até parece que os pensamentos começam a nascer atrás de minhas orelhas, do umbigo, de todo lugar do corpo, acredita?
- Surrealismo?!...
- Falo sério, vez ou outra me pego nesse estado deplorável. Só melhora depois de chorar pelos cantos da casa.
- Chorando?
- Ã-Hã. Preciso chorar, Math. Só assim o tormento passa e fico um pouco mais fortalecida. Difícil, cara!
- Isso é cruel.
- Não é para menos. Vivo em suspense, digno de um roteiro para Hitchcock ou inspiração para um quadro de Salvador Dali. De uns tempos para cá, cada vez mais frequentes, pesadelos invadem meu sono, tendo José Renato como personagem principal – conta ela desapontada. - Acredita?
- Pode ser uma depressão ocasional, não?
- Ou troço mais sério.
- O quadro dá sinais de um distúrbio, sim.
          - Penso até procurar ajuda de um profissional e tratar desse desconforto.
- Óbvio.
- Se não me cuidar, piro de vez. Estou mesmo perdendo o chão – justifica a mulher com ar de aflição.
Pausa. Mathieu depois de um gole de cerveja:
- O que os médicos alertam é que perturbações emocionais, em crise aguda, costumam provocar palpitações e sensação iminente de morte. Sabe disso?
- Me preocupa, sim.
- Podem desenvolver uma série de doenças psiquiátricas como transtorno bipolar, transtorno de ansiedade. E outras mais complexas.
- Nossa!
- A depressão é o mal do século. Precisa ficar atenta, viu?
- Temo por tudo, evidente. Caso contrário, dentro de alguns meses, dentro de alguns anos, posso despertar em meio a novas ruínas, não é mesmo?
- Ã-Hã.
- Pois então, antes que seja tarde demais, vou procurar ajuda de um profissional o quanto antes.
Mathieu olha a amiga de desdém, mas sorrindo:
- Suzana no divã!
- Alguma coisa contra?
- Pelo contrário. Terapia séria ajuda a lidar com a negatividade, e favorece ao paciente os meios para enfrentar a batalha diária dentro da própria mente. Ajuda a tirar os fantasmas da cabeça.
- Pois é.
- Hoje em dia, pedir conselhos, conversar virou mercado – afirma o amigo em tom de brincadeira. - Numa sociedade, cada vez mais individualista como a nossa, acaba sobrando ao Analista o papel do amigo leal, aquele que leva o indivíduo a conhecer a si mesmo, a viajar pelas artérias da existência.
- Talvez.
- Antes era coisa para pastor religioso, não é mesmo? Quando a gente tinha problemas, procurava um padre para falar. Agora falamos com os terapeutas. Está virando moda.
- Sim. E daí?
- Muito bem. Muito bem. Olha aqui, antes de começar o tratamento fazer uma avaliação minuciosa do caso é fundamental, viu?
- Eu sei.
          - Entre outras coisas, o profissional deve saber se o paciente necessita mesmo de análise. Sobretudo, se ele quer mexer com questões mais profundas, para apagar memórias relacionadas a traumas do sistema nervoso.
De mãos encaixadas entre as pernas, como se sentisse frio, Suzana diz em tom ansioso:
- Preciso, necessito de ajuda, Math. Ainda que seja a de um curandeiro de quebrantos, ou a de uma cartomante para tratar do meu perrengue. Desse desalento, sei lá... Coisas que ficam guardadas na gente e incomodam p’ra caramba!
- Cartomante?
- Sim.
- Suzana!
- Qual o motivo do riso?
- Achei cômico você pensar numa cartomante nessa hora!
- Por que não?
- Acredito que até existem pessoas que fazem abordagens alternativas valiosas, mas... Quiromancia?! Crê nessa papagaiada, menina?
- Oh, Math, falei só por falar.
- Premonição, vidência! Querida, estou mais para acreditar em horóscopo do que em adivinhação, em ler pensamentos. Através das cartas ou das linhas da mão, ninguém tem a menor ideia do que vai acontecer no futuro de uma pessoa. Nada mais fajuto! – afirma o rapaz.
- Às vezes, a onda de desgosto é tão profunda que a gente topa qualquer coisa que nos ajude a colocar a mente em ordem de novo. Ando bastante neurada, portanto falei em cartomante de brincadeira, viu?
- Ã-Hã.
No olhar de Suzana crescia uma amargura insuportável.
- Preciso de alguém que me ajude a esvaziar a mente, a expulsar todas as ideias estranhas que me atormentam a vida, se não a dor não vai embora nunca.
- Evidente.
- Ô, Math, não aguento mais o enxame de monstrinhos, abrindo mil cavidades dentro de minha cabeça. Martiriza. Desequilibra tudo.
O rapaz coça a testa.
- Imagino o seu sofrimento, menina. Shakespeare dizia que toda gente é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.
- Verdade.
- Dor, querida, é o sintoma de que alguma coisa vai mal com você.
- Então, o que me diz?
Pausa. Mathieu:
- Pois bem... Pois bem... Quem está nesse estado, demanda pressa de estancar a fonte do sofrimento, com saúde não se brinca.
- Claro. Claro.
- Nosso cérebro, Suzana, é uma região cheia de incertezas, nada muito diferente de uma caixa de surpresas. Temos que saber lidar com isso.
- Quer dizer o quê?
- Bem, de qualquer forma, deve procurar um lugar mais apropriado para falar desses pontos conflituosos. O divã pode ser o espaço ideal, sim.
- Sem dúvida.
Mathieu, depois de uma longa tragada no cigarro, alude:
- Hamlet fala a Horácio que há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia... Inicia assim Machado de Assis seu conto A Cartomante.
- Não entendi.
- Insinua Machado que a loucura e a depressão estão ambas à espreita dentro do inconsciente das pessoas. Ninguém é cem por cento normal. Por isso mesmo que Freud, depois vasculhar o universo da mente, chamou a psicanálise de teatro privado de cada um.
- Continuo sem saber aonde você quer chegar. Ai, que aflição, seja mais claro!
- Bem, bem... Quanto à terapia, como disse, pode ser uma boa ideia. Mas, é melhor tomar cuidado na hora de escolher o profissional.
Pausa. Suzana meio encabulada:
- Que que é?! Pela sua cara...
- Tenho uma amiga com uma experiência desastrosa. Caiu nas mãos de um palpiteiro, que se dizia terapeuta freudiano, mas era mesmo especialista em manter pacientes durante anos a fio no divã. A tática estava em cobrar a fatura mensalmente, o que transformava as consultas em coisa obrigatória.
- Sei como é.
- Desastre total. Em vez de se libertar, a paciente ficou cada vez mais presa ao divã.
- Imagino.
- A pobre permaneceu nas garras desse maluco até o dia em que o sexto sentido acordou. Aí, se deu alta, evitando consequências mais graves.
- Escuta aqui, ô seu, seu...
- Enxerido...
- A última coisa que eu quero é me tornar refém de um divã. Só o bastante para aprender a escutar e conviver com a minha voz interna.
- Bom que pensa assim. O que a gente vê por aí é que, na praça, existem profissionais despreparados e sem ética, principalmente, os que adotam a psicofarmacologia como o mais curto tratamento para resolver os dramas da alma.
- Estou fora.
- Querida, nunca ouviu falar de analistas que dormem durante as sessões ou que tentam interferir, diretamente, na vida pessoal dos pacientes?
- Sim.
- Em vez de ajudar, o padecente sai pior do que entrou. Desde que trabalhar as experiências no divã virou moda, a psicanálise costuma deixar à mostra algum telhado de vidro. Certo dia li a entrevista de um terapeuta que adotava a linha do envolvimento amoroso com seus clientes.
- Curuis!
- Isso mesmo. Em cima desse conceito, ele seduzia as dondocas, atormentadas pelas suas fragilidades. Assim também agia com os homens no consultório, torturados por um mar de dúvidas. Imagina como pode ser isso?
- Baixaria! Nem quero saber.
- São profissionais corroídos. No mínimo, arranhados por outros diabinhos internos. Características que, em diferentes graus, entram na conta corrente de um analista também. Todo cuidado é pouco.
- Que coisa, hein?
- De louco.
- Oh, Math, jamais pensei que um clínico fosse atormentado por flagelações psicológicas. Nunca.
- Acontece.
- Poxa!
- Diante desse quadro, muitos passam a usar a literatura para debater comportamentos isolados de lógica nos seus cérebros. Escrevem sobre seus impulsos na tentativa de criar autonomia intelectual de contê-los, entende?
- O que, por exemplo?
- Sei lá, mil coisas.
- Nunca imaginei isso – expressa Suzana boquiaberta.
- Não são poucos. Sabendo que existe algo meio indefinido dentro de si, acabam usando a arte como válvula de escape, para avaliar intensos diálogos interior. Tudo como se seu ‘eu’ estivesse no divã. É uma boa maneira de extravasar, querida, porque sapo não pula por boniteza, pula por precisão, como disse Guimarães Rosa.
- Caramba!
- Isso é bom. Dessa maneira acendem várias luzes para a psiquiatria. Nesse seguimento de autoajuda, encontramos livros de autores que produzem trabalhos interessantes, com bom nível científico.
Pausa. Mathieu:
- O jovem psicanalista Eduardo Mascarenhas, com sua linguagem fácil e bem-humorada, que nos diga.
- Não foi ele quem, simbolicamente, convidou Freud a beber cerveja com os brasileiros?
Risos.
- Uma brincadeira que fez durante seu Programa de TV, que por sinal registra boa audiência.
- Sem dúvida.
Mathieu descruza as pernas, pega o copo de cerveja e toma um gole da bebida, com os olhos fixos nos olhos da amiga.
- Conhece o caso de Sabina Spielreien que, em 1905, foi para Zurique tratar de um distúrbio sexual com Jung?
- Não. Posso saber?
- É a terapêutica mais afamado do mundo de histeria psicótica. Jung resolveu tratar o distúrbio sexual da paciente com sessões sexuais ao vivo e a cores. Pior: ele apaixonou-se por ela, mesmo sendo casado e perto de nascer seu primeiro filho.
- Sério?
- Sabina, por sua vez, sem resistir ao charme do profissional se tornou sua amante por um longo tempo. Ele tinha 30 anos, ela 20. Freud, ao tomar conhecimento do caso, recriminou com veemência a atitude antiética de seu colega. Mesmo assim, Jung não desistiu de tratar a histeria da sua bela e amada paciente. Primeiro pela psicanálise. Depois pelo sexo, prazerosamente, irrigado por momentos sadomasoquistas.
- Meu Deus!
- A jovem russa só cortou a relação com Jung, após amargar uma boa fase de crises com o psicanalista, que se revelava possessivo a ponto de não poupá-la nem de frases antissemitas. A partir daí, já formada em medicina, Sabina mudou-se para Viena atrás de consolo em Freud, com quem manteve uma ligação cientifica intensa.
- Científica?
- O que aconteceu de fato só eles sabem. O certo é que, como discípula de Freud, ela deixou um legado de cerca de 30 trabalhos científicos. Entre eles, uma espécie de complemento à teoria do Pai da Psicanálise sobre a libido. Como também, a russa foi motivo de profundos estudos de Segismundo Schlomo Freud, exatamente, quando a psicanálise começava a trazer luz e legitimidade à expressão feminina, no princípio do século 20.
- Caramba!
- De resto só Freud, ou ela, poderia ter explicado – caçoa Mathieu.
- Sabina viveu até quando?
- Até ser presa com as duas filhas e dezenas de judeus de Rostov, em 1942. Todos assassinados pelo comando da Wehrmacht Nazista.
- Meu Deus! Meu Deus!
- Bem provável que, na relação com Sabina, Freud veio com aquela teoria de que todo ser humano é um abismo de surpresas e contradições, as mulheres só são abismos mais profundos. Mais tarde, Jung como que pedindo absolvição por seus atos incongruentes, disse: conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana – enfatiza Mathieu.
- Um caso, duas medidas!
- Sabina Spielreien tornou-se grande cientista da Psicanálise. Tanto é que, em 1911, consagrou-se ao defender a tese: ‘O conteúdo psicológico de um caso de esquizofrenia - demência precoce’, em que analisa uma de suas pacientes, anteriormente, tratada por Jung. Como ela, também caída de amores pelo jovem cientista, outra vez praticando terapia colorida.
- Inacreditável!
- Experiência clínica extraordinária, não?
- Incrível.
- Marco na história da psicanálise. Afinal, não é comum uma psicanalista livre da psicose, se dispor a ouvir outra, em pleno transtorno psicótico. É mesmo incrível!
Pausa. Mathieu:
- Muito bem. Muito bem. Numa análise bem feita o paciente recupera a autoconfiança e volta sentir vontade de viver, revitalizando sua paz interior. Nada mais importante para superar a depressão, ‘né?
- Maravilha.
- Freud, Darwin e Marx, pertencem àquela pequena casta de pensadores cujos nomes e ideias se misturam na cultura geral do mundo moderno. Claro que suas doutrinas não têm respostas para tudo, mas nos ajudam a pensar o mundo.
- Ah, sim.
- Depressão é um transtorno psiquiátrico que precisa ser tratado com urgência.
- Ã-Hã.
- Só escolher o analista, marcar, deitar no divã e soltar os demônios que essa maré de tristeza vai passar. Desajuste requer reajuste. Se preferir, pode ficar sentada de costa para ele, fazendo a cura pela fala. É o que há de mais avançado, na praça, para combater as doenças da alma - gordurinhas psíquicas que muito incomodam a mente.
- Sei.
- Só não posso deixar de lembrar que, nesses tempos em que todos os sentimentos viram categorias médicas, o amor é a melhor linguagem para recuperar e expandir a normalidade afetiva. E deixar a emoção sobre controle saudável, viu?
A mulher desvia os olhos, sem comentar. Lá fora, ao longe, um relógio batia as horas e as meias-horas. Mathieu quis falar do relógio, mas não achou modo. Segundos depois, o rapaz chama:
- Suzana
- Oi.
- Está com uma cara! Que foi?
- Pensando aqui com meus botões.
Risos. Mathieu:
- Pensar é uma coisa perigosa, principalmente, à noite.
- Mais do que nunca, querido, preciso encarar a vida e fazer de tudo para apagar as impressões digitais que o relacionamento matrimonial com seu amigo vai me deixar na alma e no corpo.
- Claro, minha deusa.
Suzana, com seu olhar numa suplicação doce, agradece:
- Bom ouvir isso. Tenho muito carinho por você, viu.
- Viu.
- Agora vem aqui, me dá um abraço forte, dá.
Mathieu levanta-se da poltrona, curva-se um pouco e aperta sua amiga com satisfação:
- Quantas dores um abraço pode curar, não é mesmo?
 - Obrigada pelo abraço. Obrigada pela força.
- Menina, vai sair dessa numa boa. Acredite.
- Ai, Math, tão bonito o jeito que você me fala. O tom de sua garganta..., a maneira de olhar..., os gestos mansos. Tudo isso me deixa mais calma e confiante, fortalece. Aquece o coração, sabia?
- Bom saber. Que 69 seja um ano de muita alegria para você, porque a felicidade traz em si o dom de aumentar as atividades do cérebro. Com isso, tudo melhora. Felicidade é bem-estar para qualquer um.
- Prometo me cuidar.
Mathieu, com um sorriso largo:
- Pois eu!..., pois eu!... Nada de promessas, metas e objetivos, vou me deixar seduzir pelo fluxo da vida nesse sessenta e nove.
E cantarola, levantando os braços de contente:
         - Alá-lá-ô-ô-ô-ô-ô... Oh, abre alas, que eu quero passar, que as águas vão rolar...






* FBN© - 2012 – Divãs da Discórdia..., NUMA NOITE EM 68 - Categoria: Romance de Geração - Autor: Welington Almeida Pinto. Iustr.:  vídeo YouTube Lilia Cabral – Link:
http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/8viii-o-diva.html?zx=58af836018b2084d


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