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Versos Cantados
Versos Cantados
Foto tirada em 1965, na casa de Vinícius de Moraes. Representa a nata do começo de tudo... Uma relíquia, sem dúvida, onde todos estão bem na foto! O movimento da bossa-nova foi uma revolução que mudou a música brasileira. Para identificar cada um destes artistas: pontodopowerpoint.blogspot.com
Sétima, de Beethoven - Orquestra Sinfônica Infanto-Juvenil
da Escola Municipal de Música de São Paulo, Brasil.
Mathieu
desvia o olhar para a radiola, embutida num móvel de pés palito, descansando no
canto da sala. E elogia:
- Muito
bonita. Estilo Brasília.
- Gosta?
- Sim.
Agulhas de diamante?
- É.
- Alta
fidelidade?
-
Ã-Hã.
-
Então?
-
Já sei, quer ouvir música?
-
Demorou!
-
Claro.
-
A vibração de uma música tem o poder de aflorar nossa emoção.
- E ai, o
que você quer escutar?
- La
Traviata, de Verdi.
Ela
admirada:
- Ópera!
- O canto
é uma oração, massageia o espírito.
- Sim.
Mathieu sibila
os primeiros compassos da melodia. Logo pergunta:
- Quer
melhor alimento para a alma do que uma cantata italiana, ou ouvir Nelson
Freire, tocando Chopin num concerto para enternecer o coração?
- Ópera,
Math?
- Por que
está me olhando com essa cara esquisita?
- Ópera?!
Tenho certa dificuldade com óperas, confesso. Os recitativos me causam
estranheza, mais ainda as peças que abusam dos duetos, trios, quartetos.
Desculpe-me, mas...
- La
Traviata é uma ária de bravura que atravessa nosso tempo de um lado ao outro,
nunca ouviu?
- Sim,
mas...
- O
erudito é legal, Suzana. Seja de que gênero for, posso dizer que uma boa ária
não tem forma estabelecida para abrir canal de satisfação entre pessoas
sensíveis. A música clássica, por exemplo, não se limita a um concerto, ela voa
alto. É atemporal.
- Ã-Hã.
- Uma
melodia só existe se capaz de nos emocionar, provocar alegria, surpresas.
Quebrar a rotina. Aprecio, igualmente, canções do rock à Nona, de
Beethoven. Qualquer música é som.
- Claro,
claro. Eu, por exemplo, gosto da Sétima.
- Heavy
metal ao pé da letra, estonteante. Cativa e leva a gente ao êxtase, à apoteose
da dança.
Suzana ri
e continua:
- Gosto
também da Quinta.
-
Parabéns. O músico alemão foi um revolucionário, tanto que é considerado o
maior compositor de todos os tempos, o demônio da história da música. Antes de
Beethoven nunca tinha se ouvido uma música tão forte, tão impactante. Da
primeira à última nota, a sétima é verdadeira celebração, para cima. É de uma
velocidade jamais atingida, o rock da época.
- Sim.
-
Beethoven transformou a música em um grande veículo da alma humana. Até então a
música clássica era abstrata, cristalina, quase independente do ser humano.
Beethoven com sua genialidade fez a transição do período clássico ao período
romântico, colocando paixões e alegrias que sensibilizadas no dégradé do som. Querida, a essência de
qualquer música é a melodia.
- Sem
dúvida, Math.
- O
maestro Isaac Karabtchevsky confirma isso ao aproximar o pop e o erudito.
Ele vive dizendo, com todas as letras, que não existe música clássica ou
popular, existe música ruim e música boa. Não faz distinção. Na realidade, é
mais um que ratifica Ravel ao defender que a música deveria ser primeiro
emocional e depois intelectual.
- Certo.
- Por
outro lado, Tchaikovsky não vai deixar de emocionar nunca seu público com o
romântico balé Quebra-Nozes ou com Csárdás, dança húngara. Música de ritmo
acelerado, viva e alegre, outra clássica que também pode ser encarada pela
juventude de hoje como autêntico ‘rockão’, certo?
- Amo Tchaikovsky. Estudei balé na adolescência.
Pausa.
Mathieu:
-
Menina bonita, em um papo embalado por suaves melodias, as notas se tornam algo
que se curte nos interstícios das palavras, já diziam os poetas mais românticos.
-
Hein?
-
Isso mesmo! No lugar onde não há palavras, a harmonia dá o tom, acontece.
-
Caramba!
-
Pois então põe um disco de canto lírico para rolar no prato.
-
La Traviata?!... La Traviata?
-
Bem, Suzana, se não quer ouvir porque é maçante e te mata de tédio, fique à
vontade para dizer o contrário.
-
Na verdade faz algum tempo que não ouço nada assim.
-
Fique à vontade...
-
Não. Não. O Zé deve ter o disco, vou procurar.
Antes
da amiga se levantar da poltrona, Mathieu, começa a rir, dizendo:
-
Brincadeira. Não precisa.
-
Não quer mais escutar ópera?
- Foi só
uma brincadeira, esquece.
-
Bem, se é assim, gostaria de ouvir o quê?
- Você
escolhe.
-
Dá uma dica.
- Sou vacinado
com a agulha de eletrola, music is part of my life. Gosto até das adas da Atlântica na pele de Oscarito,
principalmente, as que recriam o passado, tipo imperadores romanos.
-
Chato! Fazendo hora com minha cara?
-
Não, claro que não.
-
Roquenrou?
O
rapaz eleva o punho fechado e solfeja em apropriado tom:
- Wop-bop-a-loom-bop-a-boom-bam-boom!!!!
- Elvis?
-
Arrasa-quarteirão com sua estrondosa Jailhouse Rock!?...
- Adoro
Elvis. Lindo de morrer, um bofe!
- Putz!
- Ora,
Math, que mulher não se amarra num vigoroso rapaz que, no maior clima,
escandaliza o mundo com o movimento dos seus quadris?
- New hisper puro sangue, bonitão e
poderoso. Hoje, Elvis Presley é quem dá as cartas no rock norte-americano. Por
isso, as cifras astronômicas que recebe por seu trabalho são justas. Vale o que
ganha, apesar de jurar que nunca trabalhou por dinheiro.
- Claro
que vale.
- O cara
reúne os adjetivos magnéticos para incendiar o palco e seduzir as mulheres:
bonito, charmoso, esguio, rebolante e cheio de novidades com suas roupas
espetaculosas e extravagantes. De calças coladinhas, camiseta ou jaqueta de
couro ele usa a boca, os olhos, as pernas, os quadris para interpretar as
músicas mais velozes do rock. Gente
da ‘pesada’.
- É a
sensação do momento!
- Em cada
show, o roqueiro reafirma a relevância musical e o impacto de sua postura
agressiva, pauleira, acelerando o som à quarta potência com canções mais
transgressoras e riffs fortes. Por
isso mesmo é adorado por adolescentes que rejeitam os grupos de jazz e veneram
um som mais furioso, quente demais.
- Levanta
qualquer plateia.
- Tem groove, sim. Adora ver seu público de
batom tietando, numa idolatria que leva as roqueiras ao delírio, às
lágrimas..., todas como se estivessem ali se oferecendo para ter um filho com
ele. O amor pelo músico ou pela música dele é tanto que leva fãs à loucura, até
a estampar vários tattoos na pele
numa homenagem ao ídolo.
- É voga.
- Agora também
é moda vestir, falar e ser sexy como ele, ter o cabelo como o dele. Isso não é
bom. Acende a velha discussão sobre a obsessão dos jovens em manter um status de ‘ter’ para ‘ser’ e,
principalmente, o culto exacerbado às celebridades como espécie de seres
ideais.
Suspira
novamente a mulher com os olhos brilhando.
-
Uau, quem é que resiste?
Mathieu
brinca, fazendo careta de desdém:
-
Arre! Até o demônio contém sua serventia, ´né?
-
Despeitado! – caçoa a mulher, rindo.
-
Tão bom quanto ele é o irlandês Van Morrison, já ouviu falar?
-
Não.
-
Um dos melhores músicos contemporâneos. Você não sabe o que está perdendo. É
outra boa referência do rock mundial
que veio para reafirmar que a música possui mesmo esse papel de unir as pessoas.
-
Tão bom assim?
-
Um clássico do Folk-rock. Fui
presenteado com o álbum Astral Weeks.
-
Quero ouvir. Você me empresta?
-
Lógico. Interpreta How Insensitive – versão em inglês de Insensatez, de Tom e
Vinicius.
-
Legal.
-
Bela canção. Vai gostar.
-
Espero.
-
Rock, querida, não é tudo igual.
Convivência entre estilos nem sempre é harmonia, porque o gênero musical
se divide em inúmeros subgêneros. Nessa rica mistura entra Blue, Jazz e Folk.
Por isso mesmo que vem se tornando um dos gêneros musicais mais populares do
mundo, oferecendo músicas para todos os gostos e modos. Desde o Rock mais agressivo e ligeiro, como o
mais calmo e romântico. Morrison está nessa, muito bom.
-
Legal. Depois, dou minha opinião, certo?
-
Vai gostar, aposto.
Risos.
Suzana:
-
Doutor sabe tudo, então me fala um pouco do rock
nacional.
-
Sim, senhora.
-
Agradeço.
-
O rock, como todo mundo sabe, nasceu do blues. Além de influenciar lendas como
Elvis, Beatles e Rollings Stones, essa fonte de ritmo lamurioso dos negros
norte-americanos também chegou ao Brasil na voz de Nora Ney. Em outubro de
1955, ela lançou a canção Around The Clock, cantada originalmente por Bill
Halley.
- Ronda das Horas? Nunca ouvi.
- Vale a
pena. Embora Nora e Cauby Peixoto tenham sido pop star antes, não se pode negar que foi Celly Campelo a primeira fee a levar jovens a comprar discos de rock em bom português, gravados pela
Odeon, entre 1959 e 1961. Depois outros, com destaque para Herve Cordovil com
sua canção Rua Augusta, tocada muito antes de Parei na contramão, de Roberto e
Erasmo Carlos. São os artistas responsáveis pela explosão da música pop nos
anos 1960.
- Gosto
muito deles também.
- A dupla
nasceu para provar que o ritmo pode ir muito além do que se imagina. Tanto que,
onde se apresenta, arrebata plateia de milhares de jovens, casa lotada.
Roberto, principalmente, com uma legião de fãs ao redor das Américas. Toda vez
que aparece em palco internacional surge uma bandeirinha do Brasil fazendo
festa, sucesso absoluto.
- Quer
escutar Roberto?
- Rock não. Curto de montão essa tribo de
roqueiros, faz parte do meu DNA. Mas, hoje prefiro uma canção mais açucarada -
sugere o rapaz em voz mansa.
- Bem, bem....
- Não se
preocupe, põe lá o som leve faz a sua cabeça?
Suzana
levanta um braço, dizendo:
- Pois
então vai amar o disco que comprei essa semana. Um minuto só.
A mulher corre até a vitrola,
coloca na agulha o long play de
Agostinho dos Santos e torna a sentar na mesma poltrona. Mathieu bate palmas em
sinal de aprovação.
- Senhor
da voz, gogó de ouro! Além da grande extensão vocal e apurada sensibilidade
para definir seu repertório, que prima pela qualidade das letras, ele escolhe
músicas sensíveis até a última célula para gravar, provando que letra de música
e poesia são primas, da mesma família.
- Sem
dúvida.
- Por
isso mesmo Agostinho não dispensa a delicadeza da obra poética de Vinicius de
Moraes, que está aí para revolucionar a forma de cantar o amor. Sabe o ‘poetinha’
como ninguém que, sem poesia, não há boa música. E vice- versa.
- Fã antiga que é do cantor, mamãe mostra
verdadeira paixão por suas canções, vive dizendo que elas são para escutar com
o coração aberto. Ah, Math, quase sempre choro quando ouço, lembro-me dela –
conta Suzana.
-
Fique à vontade, querida, tenho lencinhos coloridos no bolso – brinca o rapaz,
sorrindo.
Enquanto
tocava a melodia, fumando e esvaziando os copos, os dois continuavam a dizer o
que pensavam da vida e de outras coisas, numa conversa repleta de risos. Vez ou
outra, ela puxava o vestido que, apesar de seu esforço, mal chegava ao meio das
coxas, exibindo a beleza de sua pele. Depois de passar todas as faixas do
disco, ela sugere:
- Tenho o
novo lançamento da Maysa Matarazzo.
- Legal.
-
Coqueluche do momento! Está na boca do povo, vendendo mais do que gemada em pó
da Kibon. Em todo lugar só dá ela com sua voz grossa, grave e toda potência na
garganta. Ah, essa voz é inconfundível!
O rapaz
balança a cabeça como que dizendo que é verdade.
- Curte
Maysa tanto assim, Suzana?
- Muito.
Não só pela técnica musical inegável, como também pela sensualidade que
interpreta suas músicas, pura e perfeita para os ouvidos mais exigentes. Adoro
Maysa, não canso de ouvir.
- Eu
também curto bastante. Ao exibir, em cena, a malícia das pernas de fora, os
olhos esfumados em tons pretos e a voz diferente, ela mostra que sabe mexer com
o imaginário, o coração e o resto do corpo masculino.
-
Caramba!
- Maysa
mantém uma atitude sobre sexualidade feminina livre de qualquer sentimento de
culpa e da velha pecha de pecado. A cantora faz sua carreira em torno do que
pensa e acha melhor, nutrida pela sua própria trajetória que, até pouco tempo,
era postura malfalada na tacanha sociedade brasileira.
- Sem
dúvida.
- O tempo
só faz aumentar a minha admiração por Maysa. Admiro a coerência e a
consistência dela, além da fidelidade a si mesma, claro. Tudo isso vai
assegurar seu lugar, como a grande dama das canções românticas, por muito tempo,
em sua rota imperturbável no showbusinesse brasileiro. Concorda?
Suzana,
com um biquinho entre as bochechas rosadas, soltando a fumaça do cigarro,
responde com outra pergunta:
- Então
admira as vozes femininas?
- Ah,
sempre curti. Posso dizer que a sedução de algumas vozes femininas me toca
muito. Tanto da nova guarda, como da velha com suas divas eternizadas na
memória de milhares de fãs por todo o Brasil, como as estrelas do rádio. Minha
ligação com elas é de longa data, vivo momentos de grande curtição ouvindo Nora
Ney, Emilinha Borba, Marlene, Ângela Maria e, especialmente, a poderosa e
celestial Dolores Duran com suas canções cheias de poesia. Elas cantam e
encantam.
- Também
gosto. Dolores foi muitas e única.
- Ninguém
foi tantas como ela. Mestre do passado e do presente, canções para louvar a
vida. Autora de admiráveis baladas, Adiléia Silva da Rocha cantou e
compôs como ninguém as dores dos solitários, dos que sofrem da inaptidão para a
vida. Tanto na melodia como nos acordes, o rigor musical de suas canções
prevaleceu em uma das artistas mais importantes da canção brasileira de 1950
para cá.
- Salve
rainhas! - exclama Suzana.
-
Abençoados os olhos que viram e os ouvidos que ouviram Carmem Miranda em um
palco. Ela não era econômica, gastava toda energia que dispunha em suas
apresentações.
- Pelo
que sei, os shows da cantora sempre
foram atrações aqui e lá fora.
- Sucesso
absoluto! Carmem foi eleita a voz da memória brasileira. Deu dimensão
internacional à canção popular brasileira e, com um detalhe, não teve
preconceito com nenhum gênero, porque sua grande marca foi a mistura de ritmos.
Mesmo numa temperatura romântica, interpretava sem abandonar o samba carioca.
-
Maravilha.
- As
mulheres cantam com o coração, Suzana. Quem não curte ouvir Maysa, Nara Leão,
Maria Betânia, Elis Regina e Clara Nunes?
- Clara
Nunes?
- Sim,
ela mesmo. Entoando seu canto sagrado faz o maior sucesso com o segundo long play de sua carreira: Você Passa e
Eu Acho Graça.
- Também
gosto.
-
Agraciada pela fina visão social do samba, a cabrocha interpreta mais do que
muita gente grande que eu conheço, canta mais alto. Tem domínio total do palco,
canta o mundo. Descontraída, interpreta com alegria, virtuosismo e
sensualidade, encanta. Está prontinha para mostrar o que é uma estrela no mundo
da Música Popular Brasileira.
- Ainda
não comprei seus discos.
- Da leva
de grandes cantoras, ela se revela como nova divindade dos anos 60. Detalhe:
tem vinte e poucos anos, e está só começando. Onde se apresenta a casa lota.
- Sim.
- Outra
linda mulher que nos brindou, desde o século passado, com músicas legendárias
foi a carioca Chiquinha Gonzaga.
- Ó abre alas que eu quero passar... –
cantarola Suzana.
- Canção
maravilhosa! O universo feminino começou a se eternizar na sua voz, pode crer.
- Bem,
vou por Maysa para rodar.
Mathieu
levanta uma mão e faz com o dedo polegar sinal de positivo. Com um
balançar lento do rosto, Suzana caminha até o toca discos, cantarolando: Todos acham que eu falo demais/E que ando
bebendo demais/Que essa vida agitada/Não serve p’ra nada... Rapidamente,
pega o disco e, querendo ser amável com o amigo, grita de longe mostrando-lhe a
capa:
- Quer mesmo ouvi-lo?
- Sim,
por favor.
Ao voltar
para a poltrona, Mathieu elogia:
-
Afinada, hein?
- Vem não,
sô!
-
Quem canta reza duas vezes.
-
Sim.
- Pode
fazer bonito no Show de Calouros do Chacrinha.
-
Ô, louco!
Risos.
Depois de uma pausa, ele:
- Suzana,
você leva jeito de ser uma criatura muito romântica.
- Sou.
-
Não poderia ser diferente. Quem aprecia Maysa..., Agostinho dos Santos...
- Gosto
das melodias que atingem a alma, apesar de...
-
De?
-
Ah, já falei.
-
Sim.
O
rapaz curva-se para pegar o copo de bebida, dizendo:
-
Maysa é uma artista de personalidade e estilo controvertidos, sem limites. Ela
não esconde seu espírito libertário, transgressora e apaixonada pela boemia,
encarando qualquer tipo de preconceito no Brasil. Tanto que não se acanha em
dizer que já teve vários parceiros amorosos.
- Mesmo?
- Outra
que admiro é a atriz Leila Diniz. Nossa musa em preto e branco, que vem
mostrando a face da beleza e a confiança no talento que possui para alçar voos
ambiciosos no cinema. Bem à frente de seu ‘templo’, está empenhada em desbravar
a liberdade sexual no Brasil, não só pela militância feminista, mas também pela
legítima vontade de ter e sentir os prazeres da vida. Amo Leila.
- Meus
cumprimentos.
- Em meio
ao machismo brasileiro as duas, como ativistas natas, encaram os tabus de
frente em defesa do sexo livre. Em dois tempos, fazem tudo acontecer 36 horas
por dia, todos os dias. No rastro delas, o movimento feminista vem pegando boa
carona, principalmente, no Rio e em São Paulo. Aplausos para as duas.
Suzana,
num risinho curto e malicioso:
- Ã-Hã.
- Bem,
essa é história para outra história, não é mesmo?
- Sim.
- Pois
então cantaremos. Mais do que nunca é preciso cantar, como nos ensina Vinicius
em tempos tão acelerados, compactados e fragmentados do mundo contemporâneo.
-
Tim-Tim! – levanta o copo Suzana.
- Agora,
vamos curtir Maysa, querida – serena Mathieu, ajeitando-se melhor no sofá,
enquanto tomava mais um pouco de cerveja.
* FBN© - 2012 – O Som do
Vinil..., NUMA NOITE EM 68 - Categoria: Romance de Geração -Autor: Welington
Almeida Pinto. Iustr.: foto na casa de Vinicius, 1965, retratando cantores da
época. Link: http://numanoiteem68.blogspot.com.br/2011/01/14xiv-no-ritmo-das-paradas-musicais.html?zx=de663b02d12a152
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